Título: Fiesp ataca queda homeopática
Autor: Renée Pereira e Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2006, Economia & Negócios, p. B8

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) criticou, mais uma vez, a redução "homeopática" dos juros. "Reduções homeopáticas dos juros, que continuam os mais altos do mundo, estão minando a saúde e a resistência da economia brasileira", disse Paulo Skaf, presidente da Fiesp, em nota.

Skaf salienta não haver o que comemorar, como está preconizando o governo, pelo crescimento de 3,4% da economia brasileira no primeiro trimestre de 2006, em relação a igual período de 2005.

"Ora, de janeiro a março deste ano, o PIB da Índia registrou expansão de 9,3%", disse. "Com a redução da Selic em apenas 0,5 ponto percentual, o Copom reafirma sua disposição de evitar, a qualquer custo, o 'risco' do crescimento."

Para Antônio Correa de Lacerda, diretor do Departamento de Economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), a decisão do BC mostra que, mais uma vez, "o conservadorismo do Copom predominou".

"Havia espaço para a redução da Selic em, pelo menos, 0,75 ponto porcentual, mas o que vimos foi uma atitude de exagerada cautela do Copom", disse Lacerda, em nota.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também divulgou nota lamentando a decisão do Copom de reduzir o ritmo dos cortes de juros. "A redução do ritmo de queda mostra que é imprescindível substituirmos o gradualismo na condução da política monetária pela promoção de condições fiscais que dêem sustentabilidade ao processo permanente e definitivo de queda dos juros, com a redução dos gastos e da dívida pública e da carga tributária."

Segundo análise da CNI, o BC, "aparentemente, foi influenciado pelas oscilações na economia mundial e desconsiderou as condições internas da economia brasileira".

A Força Sindical criticou a queda de juros "a conta-gotas". "Quedas bruscas da taxa Selic são fundamentais para voltar a geração de empregos", disse, em nota, Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical.

" Ao utilizar intervenções comedidas na política de juros, o governo federal joga por terra a previsão de crescimento do PIB entre 4% e 5% este ano."