Título: Embraer vai lançar dois novos jatos executivos
Autor: Renata Stuani
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/05/2006, Economia & Negócios, p. B15

Anúncio foi feito pelo presidente da empresa, Maurício Botelho; lucro no primeiro trimestre caiu 13,4% e ficou em R$ 86,9 milhões

A Embraer pretende lançar mais dois jatos executivos, provavelmente em 2007. O anúncio foi feito ontem pelo presidente da empresa, Maurício Botelho, em teleconferência com analistas financeiros internacionais. Botelho também comentou os resultados financeiros da Embraer no primeiro trimestre deste ano.

A empresa lucrou R$ 86,9 milhões, uma queda de 13,4% em comparação ao mesmo período do ano passado, quando os ganhos chegaram a R$ 233,8 milhões. O resultado f icou abaixo do previsto pelos analistas, que esperavam, em média, lucro de R$ 179 milhões. As ações da Embraer em Nova York caíram ontem 5,34%, em razão da queda nos lucros.

A receita líquida da Embraer foi de R$ 1,769 bilhão, 13,1% menor que a de 2005. A margem Ebitda caiu de 17,8% para 10,1%. Segundo nota da empresa, a queda da receita se deve à "apreciação de 17,7 % da moeda nacional média frente ao dólar", que teria sido parcialmente compensada pelo aumento de 6% nas vendas, quando cotadas em dólares.

A principal aposta da Embraer no momento para melhorar seus resultados é o crescimento do mercado de jatos executivos. A empresa projeta um mercado de US$ 144 bilhões nos próximos 10 anos.

Ontem, Botelho anunciou planos para mais 2 modelos situados numa faixa de mercado entre a família Phenom 300 (para até 9 lugares) e o Legacy (13 lugares). Questionado por analistas internacionais, Botelho confirmou o lançamento, sem dar muitos detalhes. "Mas não deve ocorrer este ano, provavelmente no ano que vem", disse.

De acordo com ele, o desempenho dos projetos de aviões executivos e da nova família 170/190 está dentro do previsto pela companhia. Botelho afirmou que a empresa prevê melhora dos resultados nos próximos meses. No primeiro trimestre, a fabricante teve as margens prejudicadas por altos gastos com a produção das famílias 170 e 190, especialmente do 190, um avião que tem tecnologia mais sofisticada.

"O Embraer 190 utiliza muitas novas tecnologias, mas isso se torna um ativo para a companhia no futuro", afirmou o executivo. A Embraer informou também que o balanço do primeiro trimestre teve despesas não recorrentes de US$ 11 milhões referentes à compra da empresa portuguesa Ogma.

Para Botelho, o cenário para as companhias aéreas tende a melhorar no médio prazo, beneficiando a Embraer. Ele acredita, por exemplo, que a companhia aérea americana Northwest pode sair da concordata no máximo em 2007.

Botelho afirmou que a Embraer, quarta maior fabricante de aeronaves do mundo, poderia contribuir com projetos da Airbus e da Boeing no futuro. Ele esclareceu que não existe neste momento nenhuma forma de cooperação. "Se eu fosse eles, estaria olhando para nós; mas isso não significa que existam programas em conjunto neste momento."