Título: Crédito tributário leva lucro do BB a R$ 2,3 bi
Autor: Sílvia Fregoni, Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/05/2006, Economia & Negócios, p. B9

Resultado é o maior entre os dos grandes bancos; mas, sem esse impacto, ganho seria de R$ 938 milhões

O Banco do Brasil (BB) teve o maior lucro da sua história, de R$ 2,3 bilhões, no primeiro trimestre deste ano. Trata-se de um crescimento de 142,9% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Mas o lucro se deveu, em grande parte, a um crédito tributário de R$ 1,9 bilhão autorizada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), do qual R$ 1,4 bilhão foram contabilizados nos ganhos e R$ 500 milhões usados como provisão para créditos duvidosos. Sem esse crédito, o crescimento do lucro seria de 14,8% (R$ 938 milhões no primeiro trimestre deste ano, diante de R$ 817 milhões no primeiro trimestre de 2005).

O lucro do BB foi o maior entre os bancos que divulgaram balanços do primeiro trimestre até agora: o Bradesco anunciou lucro de R$ 1,5 bilhão e o Itaú, de R$ 1,4 bilhão.

A carteira de crédito do banco chegou a R$ 105,5 bilhões, um crescimento de 13,2%. Com isso, o BB se consolida como o banco líder na concessão de crédito - tem 15,5% de participação no mercado. O crédito consignado teve crescimento de 187% em relação ao ano anterior - chegou a R$ 4,7 bilhões, com mais de 2,1 mil contratos.

A carteira total de crédito de pessoas físicas atingiu 19,8 bilhões ao final do período (crescimento de 15,9% em relação ao mesmo período do ano anterior). Já o microcrédito apresentou queda, com empréstimos que somaram R$ 363 milhões entre janeiro e março deste ano. No mesmo período de 2005, foram R$ 376 milhões.

O presidente do BB, Rossano Maranhão, disse que o bom desempenho também decorreu da melhora da eficiência operacional, da expansão das operações de empréstimos e do aumento da base de clientes. A receita de tarifas subiu 19% em relação ao primeiro trimestre de 2005, para R$ 2,103 bilhões.

O patrimônio líquido do Banco do Brasil em 31 de março era de R$ 19,2 bilhões, um aumento de 28,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Os ativos totais subiram 7,7% em 12 meses e alcançaram, no fechamento do primeiro trimestre, R$ 264,635 bilhões. O BB é o maior banco do País em volume de ativos.

O presidente do Banco do Brasil, Rossano Maranhão, disse não esperar nenhuma volatilidade substancial na qualidade de crédito da carteira da instituição neste ano, apesar de ter sido constituída provisão excedente de R$ 500 milhões para os empréstimos no primeiro trimestre do ano. Segundo ele, as medidas adotadas pelo governo em relação ao agronegócio devem impedir novo aumento de inadimplência.

INADIMPLÊNCIA RURAL Do primeiro trimestre de 2005 para o mesmo período deste ano, a inadimplência da carteira total do banco teve pequena alta. O índice que mede as operações vencidas há mais de 60 dias sobre o portfólio total subiu de 3,1% para 4,3%. De acordo com Maranhão, esse aumento deveu-se ao problema de pagamento dos produtores rurais, que enfrentaram seca e queda do preço das mercadorias em 2005. "Essa elevação não é esperada para este ano", ressaltou.

As despesas com provisão para crédito de liquidação duvidosa somaram R$ 2,071 bilhões no primeiro trimestre do ano, com crescimento de 64,2% em relação ao mesmo período de 2005.

As despesas administrativas, que compreendem as despesas de pessoal e as outras despesas, totalizaram R$ 3,2 bilhões, o que representa crescimento de 0,8% em relação ao mesmo período do ano anterior e redução de 7,8% na comparação com o último trimestre de 2005.

O Banco do Brasil encerrou o primeiro trimestre de 2006 com 23,3 milhões de clientes, sendo 21,8 milhões de pessoas físicas e 1,5 milhão de pessoas jurídicas. Isso representa um crescimento de mais de 2 milhões de clientes pessoas físicas nos últimos 12 meses .

O Banco Popular do Brasil (BPB), encerrou o primeiro trimestre deste ano com prejuízo líquido de R$ 14,8 milhões, queda de 14% em relação às perdas de R$ 17,3 milhões dos três últimos meses de 2005.