Título: Petrobrás quer auto-suficiência
Autor: Kelly Lima
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/05/2006, Economia & Negócios, p. B5

Para Gabrielli, é preciso investir em fontes alternativas

O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, disse ontem que a crise com a Bolívia revela a importância de se alcançar a auto-suficiência em gás natural. Atualmente, metade do gás consumido no País vem da Bolívia. Mas também é preciso investir em fontes alternativas de combustíveis, especialmente de biocombustível.

Gabrielli disse que existe grande potencial de crescimento na produção de gás natural no Brasil e que a conquista da auto-suficiência na produção de petróleo reflete no significado da segurança energética. "Garantir o acesso ao petróleo tem um valor extraordinário, porque permite planejar o desenvolvimento (do País)", afirmou, concluindo que o Brasil está bem próximo de produzir petróleo suficiente para abastecer o mercado interno.

No caso do gás, a Petrobrás avalia a possibilidade de ampliar investimentos para aumentar a produção e a capacidade de transporte, hoje estimados em US$ 16 bilhões até 2010, informou o diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa, ressaltando que qualquer decisão de investimento demora para ter efeito no mercado. "Para desenvolver uma reserva, são no mínimo dois ou três anos."

O gerente de Relações com Investidores da Petrobrás, Raul Campos, lembrou, que o País já tem capacidade de produção para suprir o mercado, mas precisa de investimentos no transporte do combustível. "O problema do gás não é produção, é distribuição", afirmou.

Os desembolsos do Brasil com a compra do gás boliviano cresceram 71% nos três primeiros meses deste ano em relação a igual período do ano passado, somando US$ 351 milhões, conforme dados consolidados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Em relação a 2004, o aumento foi de quase 100% (99,3%) e de 265% em relação a 2002, último ano do governo anterior. Naquele ano, o Brasil pagava à Bolívia cerca de US$ 32 milhões mensais na compra do energético e essa conta subiu para US$ 125 milhões em março. Mantido o ritmo atual de crescimento, o Brasil enviará mais de US$ 1,5 bilhão à Bolívia este ano, na compra do gás daquele país.