Título: EUA reatam relações com a Líbia
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Fonte: O Estado de São Paulo, 16/05/2006, Internacional, p. A12

Embaixada americana em Trípoli será reaberta e o país norte-africano deixará a lista dos que apóiam o terrorismo

Os Estados Unidos restabeleceram ontem completamente as relações diplomáticas com a Líbia, premiando o país norte-africano por ter acabado com seu programa de armas de destruição em massa. Os EUA também retirarão o nome da Líbia da lista dos países que promovem o terrorismo e reabrirão sua embaixada em Trípoli.

"Estamos adotando essas ações em reconhecimento ao contínuo comprometimento da Líbia em sua renúncia ao terrorismo e à excelente cooperação com os EUA e outros membros da comunidade internacional em resposta às ameaças globais enfrentadas pelo mundo civilizado desde 11 de setembro de 2001 (atentados nos EUA)", disse a secretária americana de Estado, Condoleezza Rice.

Os EUA e a Líbia não tinham relações amplas desde 1980 - depois que uma multidão atacou e incendiou a embaixada americana em 1979, após a Revolução Islâmica no Irã. M as o relacionamento entre os dois países melhorou de forma significativa depois que o líder líbio, Muamar Kadafi, decidiu desistir, em dezembro de 2003, de seu programa de armas de destruição em massa. Em 2004 os EUA levantaram um amplo embargo comercial imposto em 1986 ao país produtor de petróleo.

O governo líbio saudou a decisão dos EUA de restaurar as relações diplomáticas, dizendo que a medida ajudará a melhorar a cooperação em todas as áreas. "Isso é algo que esperávamos há muito tempo. Estou feliz em ouvir a notícia", disse o diretor da representação líbia em Washington, Ali Aujali.

O chanceler líbio, Abdurrahman Shalghan, disse que a decisão foi resultado de contatos e negociações e de interesses mútuos.

"Na política não existem prêmios, mas interesses", disse Shalghan, respondendo à pergunta sobre se a restauração das relações era um incentivo para acentuar a cooperação com os EUA.

A União Européia elogiou o restabelecimento das relações entre os EUA e a Líbia como um passo positivo. Por sua vez, as família das vítimas do atentado de Lockerbie, de 1988, pelo qual um agente líbio foi condenado, se mostraram resignadas. "A surpresa é que tenham demorado tanto", disse Robert Monetti, cujo filho morreu no atentado a bomba contra o avião da Pan Am. O atentado, sobre a Escócia, deixou 270 mortos.