Título: Saddam se recusa a admitir culpa por assassinatos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 16/05/2006, Internacional, p. A12

Juiz formalizou ontem acusação por crime contra a humanidade e começa a ouvir testemunhas de defesa

Dois anos e meio depois de ter sido preso pelas tropas americanas, o ex-presidente iraquiano Saddam Hussein, de 69 anos, foi formalmente acusado ontem de crimes contra a humanidade por causa da prisão, tortura e assassinato de dezenas de xiitas em 1982. O julgamento começou em outubro, mas a legislação estabelece que o juiz só pode definir a acusação depois da apresentação das provas e depoimento das testemunhas

Saddam se recusou a responder à pergunta sobre se admitia a culpa: "Não posso responder sim ou não a tais acusações que remontam ao começo do processo e não levam em conta todos os depoimentos ", disse Saddam. "Considero então que o senhor alega que é inocente", rebateu o juiz Raouf Abdul Rahman. "Essa não é a maneira de tratar o presidente do Iraque. Não reconheço a autoridade do tribunal, que não pode julgar um chefe de Estado, segundo a Constituição." Os outros sete réus, incluindo o ex-vice-presidente Taha Yassin Ramadan declararam inocência.

Abdul Rahman deu prosseguimento à sessão, que entrou na etapa de depoimentos das testemunhas arroladas pela defesa. O ex-presidente pode ser condenado à morte nesse processo e em outros que ainda não começaram, referentes a massacres de xiitas e curdos e à invasão do Kuwait, entre outros casos que estão na fase de coleta de provas.

À parte o momento de contestação, Saddam parecia relaxado. Chegou sorrindo e no intervalo conversou amigavelmente com o promotor-chefe.