Título: Lula senta ao lado do amigo Okamotto pela primeira vez desde início da crise
Autor: Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/05/2006, Nacional, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva dividiu ontem - pela primeira vez em público, desde o início da crise do mensalão - a mesma mesa com seu amigo Paulo Okamotto, presidente do Sebrae, e o citou em discurso.

Na abertura do Fórum Nacional das Cooperativas de Crédito, patrocinado pelo Sebrae, Lula e Okamotto não sentaram lado a lado. Entre eles estava o presidente do Conselho Deliberativo do órgão, Luiz Otávio Gomes. Mas o presidente citou o amigo várias vezes ao falar.

Apelidado de "doador universal" pela oposição, Okamotto alega ter pago uma dívida de R$ 29,4 mil de Lula com o PT em 2003 - supostamente referente a gastos que o partido teria tido com viagens pessoais de Lula quando ainda ele era candidato. O presidente do Sebrae teria pago, também, uma dívida de campanha da filha de Lula, Lurian, de R$ 26 mil e doado R$ 24,8 mil à campanha de Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, para prefeito de São Bernardo (SP).

Ex-tesoureiro do PT, amigo antigo de Lula, Okamotto tem evitado os holofotes e a intimidade com o presidente. Não tem sido visto no Palácio do Planalto. Ontem, nenhum dos dois conseguiu evitar a proximidade.

Em seu discurso, o presidente lembrou que, em outros tempos do governo, Okamotto ia falar com ele no Planalto, cobrando o fato de o Ministério da Fazenda ou o do Planejamento estarem emperrando a preparação da Lei Geral das Pequenas e Micro Empresas.

O presidente aproveitou o evento para cobrar dos presentes pressão maior sobre o Congresso pela aprovação da lei das microempresas. "Se vocês não se convencerem que é preciso fazer uma pressão para a lei ser aprovada, nós corremos o risco de terminar o ano e essa lei não ser aprovada", disse o presidente. "É uma conversa organizada, é pegar os líderes dos partidos e perguntar por que não foi votada."

Lula disse para a platéia que deveriam pressionar para aprovar a lei neste ano, porque, entre outras coisas, em ano eleitoral ninguém irá criticar a pequeno e microempresa. "Está chegando a eleição e vocês vão perceber: não tem um que fale mal de pobre. De cooperativa, de microempresário, de pequeno empresário", afirmou.