Título: Bradesco tem novo lucro recorde
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/05/2006, Economia & Negócios, p. B10

Instituição fecha trimestre com resultado líquido de R$ 1,5 bi, 27% maior que o de 2005

O lucro líquido do Bradesco cresceu 27% no primeiro trimestre deste ano e atingiu R$ 1,5 bilhão - o maior resultado trimestral na história dos bancos, segundo a consultoria Economática. Da mesma forma, o índice de eficiência alcançou um dos melhores níveis da história do banco, recuando de 52,7% nos primeiros 3 meses de 2005 para 42,9% agora. Quanto menor esse número, maior a eficiência de uma empresa. O retorno sobre o patrimônio manteve-se estável em 34,6%.

Segundo o presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, a carteira de crédito mais uma vez teve participação crucial no lucro da instituição entre janeiro e março. Cerca de 30% do ganho veio das operações de crédito; 30%, das atividades de seguros; 25%, da prestação de serviços; e 15%, da tesouraria. A carteira de empréstimos e financiamentos cresceu R$ 20 bilhões desde março do ano passado, de R$ 75,06 bilhões para R$ 95,16 bilhões.

O segmento que mais contribuiu para o avanço da carteira de crédito da instituição foi o de pessoa física, cujo crescimento foi de 50,6%, para R$ 35,7 bilhões. Em seguida, ficou o de pequenas e médias empresas, que teve aumento de 22,9% no volume de empréstimos nesse período, saltando de R$ 19,05 bilhões para R$ 23,41 bilhões.

Em contrapartida, a instituição verificou piora no índice de inadimplência desde março do ano passado, de 3,4% para 3,9%. Cypriano afirma que essa evolução está dentro das perspectivas. "É natural que haja um avanço da inadimplência, já que houve aumento do volume da carteira de crédito. Além disso, houve uma mudança no perfil da carteira, com maior participação das pessoas físicas, o que significa um índice de perdas maior", diz. "Isso sem contar que há um acúmulo forte de despesas para os clientes no primeiro trimestre de cada ano, como o pagamento de IPTU, IPVA e matrículas escolares".

Segundo ele, a previsão é que o volume de empréstimos e financiamentos do banco tenha uma evolução entre 23% e 25% neste ano. Cypriano destacou também que a instituição vai manter o foco de crescimento na área de cartão de crédito em 2006, após a compra da American Express no Brasil (Amex). "Estamos nos posicionando estrategicamente para crescer num negócio que será e já está sendo o principal instrumento de bancarização no País."

A aquisição da Amex abriu um leque enorme de oportunidades para o banco. São cerca de 500 mil clientes da American Express que ainda não têm relacionamento com a instituição e representam um grande potencial de venda de produtos. "Podemos fidelizar esses clientes", antecipou o presidente do Bradesco.

O banco também está de olho na classe de baixa renda. Desde 2005, a instituição mantém uma parceria com as Casas Bahia que já rendeu a emissão de 500 mil cartões de crédito. A expectativa é atingir 3 milhões de plásticos até o fim deste ano.

Hoje, o Bradesco tem cerca de 13,2 milhões de cartões de crédito, contando a Amex e o segmento "private label". Segundo Cypriano, o Bradesco atingiu a liderança em cartões corporativos com a compra da Amex.

Além do crédito, outro item importante para o crescimento do lucro do Bradesco foram as receitas de prestação de serviço. No primeiro trimestre, essa conta teve um avanço de 22,8%, saltando de R$ 1,66 bilhão, em 2005, para R$ 2,04 bilhões.

Outro dado importante apresentado ontem foi o valor de mercado do Bradesco, que atingiu no primeiro trimestre deste ano a cifra de R$ 77 bilhões. Cypriano afirmou que nos últimos anos a instituição fez cerca de 40 aquisições no setor, o que garantiu a liderança do Bradesco entre os bancos privados, com o total de ativos de R$ 216,39 bilhões.

Neste momento, no entanto, ele afirma que o mercado está estreito, podendo haver apenas aquisições pontuais, como é o caso de privatizações que deverão ocorrer neste ano ou em 2007. "Esse movimento de aquisição é constante no mercado, pois é necessário ter escala. A compra ocorre toda vez que um banco não consegue ganhar escala", afirmou Cypriano, referindo-se ao BankBoston, adquirido na semana passada pelo concorrente Itaú.