Título: Nacionalização de terras preocupa produtores de soja
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Fonte: O Estado de São Paulo, 09/05/2006, Economia & Negócios, p. B9

Os rumores de que o governo Evo Morales tem um decreto de nacionalização de terras pronto para anunciar a qualquer momento movimentaram ontem o Departamento de Santa Cruz, o mais importante da Bolívia. A soja boliviana é o principal item de exportação depois do gás natural. Responde por US$ 400 milhões de divisas por ano, e 35% disso são viabilizados por negócios de brasileiros.

A previsão é que o decreto atinja apenas terras improdutivas ou sem titularidade reconhecida, griladas. Existem pelo menos 4 milhões de hectares aptos para a agricultura não utilizados atualmente, explica Carlos Rojas, presidente da Associação Nacional de Produtores de Oleaginosas e Trigo (Anapo). Além disso, uma iniciativa do governo de entrar em terras produtivas significará rasgar uma lei em vigor há anos no país.

A Anapo, entidade que representa também os sojicultores brasileiros, tentava conhecer detalhes sobre o decreto. "Não há qualquer informação sobre a extensão da medida", disse Zacarias Baldi, um dos maiores produtores de soja da Bolívia. O temor recorrente de todos os produtores é a criação de um limite máximo da propriedade, de 1 mil ou 2 mil hectares.