Título: Até PFL cobra retratação de Saulo
Autor: Marcelo Godoy e Natália Zonta
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/06/2006, Metrópole, p. C1

O deputado Edmir Chedid, líder do PFL na Assembléia, falou duro: ou o secretário da Segurança Pública, Saulo Abreu, volta ao Parlamento e se retrata ou não deve continuar à frente da pasta. Ao condicionar ontem a permanência de Saulo ao pedido de desculpas, o líder do partido do governador Cláudio Lembo e do presidente da Assembléia, Rodrigo Garcia, mostrou a extensão da crise aberta pelo comportamento do secretário ao depor anteontem na Comissão de Segurança.

Chedid está entre os mais de 20 deputados que assinaram nota de repúdio "ao comportamento truculento e desrespeitoso" de Saulo - além do pefelista, há integrantes do PPS, PMDB, PCdoB e PT. A nota questiona o uso de policiais como claque: "Nem mesmo o governador utiliza tantos recursos ao visitar a Assembléia." Chama de "abuso a mobilização de enorme aparato público" para acompanhar "um simples depoimento" e diz que a "polícia de São Paulo não pode ser obrigada a servir de claque para respaldar a figura do secretário de plantão".

Outro deputado que assinou o texto, Renato Simões (PT), chegou a comparar a performance de Saulo à chamada "dança da pizza" da deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) na Câmara Federal. É que, ao ser interpelado por um deputado, Saulo levantou com as mãos para cima e deu uma voltinha rindo antes de se sentar diante de deputados e da claque que o aplaudiu. "Parecia a dança da Ângela", disse Simões.

Ontem, o petista voltou a encontrar Saulo. O secretário teve de se explicar no Fórum João Mendes num processo por danos morais movido pelo deputado, chamado de "gazeteiro" por Saulo em 2004 por não votar projetos de interesse do Executivo. "Fiz obstrução regimental e não faltei", disse Simões.

O líder do PT na Assembléia, Ênio Tatto, informou que o partido apresentará representação ao Ministério Público contra Saulo por improbidade administrativa e abuso de autoridade. Tatto também bateu boca anteontem com Saulo, que o acusou de "despirocar".

O corregedor da Assembléia, Romeu Tuma Junior (PMDB), também defendeu providências contra o que chamou de postura inadmissível de Saulo. Tuma Junior concordou com a posição do líder do PFL. "Só faltou o Saulo dizer aos deputados que só ia responder em juízo às perguntas", disse sobre a decisão do secretário não explicar aos deputados as ações do Primeiro Comando da Capital (PCC). Para ele, Saulo não teve a mesma posição na crise da segurança. "Com o PCC ele afinou, mas aqui ele quis afrontar o Parlamento e tratá-lo como um poder subalterno."