Título: Conflito em área pertencente a família de líder da invasão
Autor: Roldão Arruda
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/06/2006, Nacional, p. A8

O Engenho Pereira Grande, da Usina Estreliana - da família Maranhão, a mesma de Bruno Maranhão, líder do MLST preso anteontem -, voltou ontem a ser palco de conflito, com o despejo, pela Polícia Militar, de 150 famílias ligadas ao Movimento dos Sem-Terra (MST).

A informação é de que os policiais cumpriram ordem judicial de reintegração de posse. A medida surpreendeu as lideranças do MST pernambucano: "O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) se imitiu na posse da terra em abril e as famílias estão em processo de assentamento", afirmou Alexandre Conceição, um dos líderes estaduais do movimento, sem entender como a área foi reintegrada. "Uma certeza temos: as famílias vão voltar à área", adiantou.

Há nove anos o MST luta pelas terras do engenho, de cerca de 1,5 mil hectares. No final do ano passado, bloqueou a BR-101, incendiou dois tratores e parte do canavial plantado na área, o que motivou um decreto de prisão preventiva de quatro integrantes do movimento. Em abril comemorou a imissão de posse da terra pelo Incra, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Até o final da tarde a Polícia Militar não tinha informação sobre o assunto.

495 INDICIADOS

O delegado Danilo Flores, de Carazinho (RS), indiciou 495 militantes do MST anteontem. Eles são acusados de 34 tipos de crimes, entre eles cárcere privado e formação de quadrilha durante as quatro invasões da Fazenda Coqueiros, em Coqueiros do Sul, desde abril de 2004. Flores apontou quatro pessoas como líderes das ações. Segundo o delegado, duas tiveram prisão preventiva decretada, mas os nomes não foram divulgados para facilitar as buscas.

A Fazenda Coqueiros, de 7 mil hectares, dos irmãos Félix e Vera Guerra, produz soja, milho, leite e carne, tem serraria e usina. Alegando que é muita terra para apenas uma família, o MST quer desapropriá-la para um assentamento da reforma agrária.