Título: Aos 80 anos, morre ex-ministro do TCU Olavo Drummond
Autor: Eduardo Kattah
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/05/2006, Nacional, p. A13

Escritor, jornalista e advogado, ele foi prefeito de Araxá e um político próximo a JK

O escritor, jornalista, político e advogado mineiro Olavo Drummond morreu na madrugada de ontem, aos 80 anos. Drummond estava internado havia pelo menos 20 dias no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, para onde foi levado depois de sofrer um acidente vascular cerebral. De acordo com o hospital, ele morreu por volta das 4 horas, em decorrência de falência múltipla de órgãos. O enterro está previsto para as 11 horas de hoje, no Cemitério das Paineiras, em Araxá (MG), sua cidade natal, da qual foi prefeito.

Da capital paulista, o corpo foi levado de avião até o município do Alto Paranaíba mineiro. À tarde, foi desembarcado no aeroporto e levado em cortejo até o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, local do velório. O caixão seguirá hoje, em carro do Corpo de Bombeiros, até o cemitério.

O prefeito de Araxá, Antônio Leonardo Lemos Oliveira (PP), decretou luto oficial de três dias. Segundo a prefeitura, a perda deixa grande tristeza na cidade e a expectativa era de que uma multidão acompanhasse o velório e o sepultamento.

O santuário onde o corpo estava sendo velado foi construído por iniciativa do próprio Drummond, quando ele comandou a prefeitura (1997-2000).

Fervoroso devoto de Nossa Senhora de Fátima, ele tinha a intenção de transformar o templo - projetado pelo arquiteto Ruy Ohtake - num centro de peregrinação nacional.

O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), divulgou na noite de ontem uma mensagem de pesar pela morte, na qual destaca que Drummond foi "um mineiro que marcou o seu tempo" e elogia o "exímio articulador político". "Tinha a virtude dos sonhadores e não se entregou em nenhum momento", afirmou Aécio.

CARREIRA

Além de governar sua terra natal, Drummond foi deputado estadual e federal por Minas. Na Assembléia Legislativa, foi líder e vice-líder do Partido Trabalhista Nacional (PTN). Ocupou também o cargo de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), foi procurador da República e conselheiro do Tribunal de Contas de São Paulo.

Antes, porém, atuou como jornalista, com passagem pelos jornais Estado de Minas e Diário da Tarde e pela Rádio Inconfidência. Ainda como jornalista, Drummond tornou-se amigo próximo do presidente Juscelino Kubitschek.Costumava acompanhar JK nas visitas que fazia ao Planalto Central antes da construção de Brasília. Na capital federal, Drummond fundou o Memorial JK, do qual foi curador e vice-presidente.

A vida pública e as diversas atividades lhe renderam constantes homenagens e condecorações. Drummond era membro da Academia Mineira de Letras, onde ocupou a vaga deixada pelo presidente Tancredo Neves.

"O Olavo, além de ser um intelectual da melhor qualidade, era um homem público de grandes virtudes e um jornalista excepcional", comentou o presidente da Academia, Murilo Badaró. "Ele era liberal no pensamento e no comportamento e um homem de grande dignidade pessoal. A Academia está de luto."

Em sua trajetória como escritor, Drummond publicou cinco livros: Noite do Tempo, Ensaio Geral, Ordens do Cardeal, O Amor Deu uma Festa e, por último, O Vendedor de Estrelas. Ele deixa quatro filhos e sete netos.