Título: Greve de fome causa tumulto
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/05/2006, Nacional, p. A7

Condomínio restringiu uso de elevadores por PMDB

A greve de fome do pré-candidato do PMDB à Presidência Anthony Garotinho, iniciada há nove dias após denúncias de corrupção no financiamento de sua pré-campanha, tem tumultuado a rotina do centro do Rio. Grupos favoráveis e contrários a ele já chegaram a se enfrentar diante da sede do partido.

Até mesmo a administração do Edifício Piauí, onde fica a sede, está incomodada. O PMDB teve de assinar termo de responsabilidade, restringindo o uso dos elevadores. Pelo documento, "o acesso do edifício será realizado exclusivamente pelas escadas". Foi o que fizeram ontem a governadora do Rio, Rosinha Matheus (PMDB), e seu vice, Luiz Paulo Conde, de 72 anos, que subiram oito andares.

Na última sexta, houve princípio de incêndio na casa de máquinas, que a empresa responsável pela manutenção atribuiu ao aumento do número de "partidas" dos elevadores. Até a tarde de ontem, 1.591 pessoas já haviam assinado o livro de visitas do pré-candidato. O Sindicato dos Jornalistas do Rio fez apelo aos dirigentes do PMDB para que manifestantes pró-Garotinho parem de ameaçar profissionais que trabalham no caso.

O sétimo boletim médico, divulgado no domingo, informava erroneamente que o peso do pré-candidato no início da greve era de 91 kg, contrariando o primeiro laudo médico, que apontava 89,9 kg. Assim, ele já emagreceu 5,2kg, e não 6,3kg.

Garotinho radicalizou ataques contra o presidente e defendeu seu impeachment. "Lula e o PT são a mesma coisa. Agora é Fora Lula", disse.

"Ou nós, que amamos o Brasil, tomamos as ruas a partir de agora ou conseguirão impor ao povo a complementação do projeto neoliberal." Para ele, Lula é "traidor do povo brasileiro" e, num segundo mandato, privatizaria a Caixa Econômica, o Banco do Brasil e a Petrobrás, além de acabar com o 13.º salário.