Título: Definido o adversário, tucanos já lançam ataque a Mercadante
Autor: Ricardo Brandt
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/05/2006, Nacional, p. A6

Serra evitou opinar, mas disse que em princípio respeita todo candidato

O pré-candidato tucano ao governo paulista, José Serra, preferiu não opinar ontem sobre a maior ou menor dificuldade de vencer o senador Aloizio Mercadante, mas disse que todo candidato em princípio merece respeito. E, de fato, o tratamento dado pelo PSDB ao novo adversário mostrou que o petista é respeitado. Tanto que entrou na linha de tiro.

"Ele só venceu a prévia porque foi o operador do governo na distribuição de emendas orçamentárias para os municípios paulistas governados pelo PT", acusou o deputado Alberto Goldman. O presidente estadual do PSDB, deputado Sidney Beraldo, disse que antes de revelar seu programa de candidato Mercadante terá de prestar contas à população sobre seu mandato de senador.

"Ele votou contra São Paulo na expansão dos incentivos fiscais e isso prejudicou gravemente o Estado", afirmou Beraldo. A deputada Zulaiê Cobra explicou que, antes de fazer a Serra a cobrança clássica do PT - por que teria deixado a Prefeitura para concorrer -, Mercadante deverá explicar por que está se propondo a deixar um mandato de oito anos, para o qual foi eleito por 10 milhões de votos, para ocupar outro cargo. Ela disse que, por isso, o senador não terá condições de fazer a Serra a cobrança que Marta faria obsessivamente.

O deputado Aloísio Nunes Ferreira, secretário de Governo da Prefeitura e fiel escudeiro de Serra, ironizou a candidatura Mercadante: "Antes do governo Lula, ele era versado em cobrar CPIs para tudo; no governo Lula, se especializou como abafador de CPIs. Qual será o papel e o enredo que ele vai escolher na campanha?"

Zulaiê, de toda forma, pensa que Mercadante é "mais civilizado e educado" e fará uma campanha mais propositiva contra Serra. "Marta é da cintura para baixo", observou. Aloísio Nunes Ferreira discorda: "Eles têm o mesmo DNA. O DNA do PT." Para Goldman, Mercadante não fará campanha para vencer a eleição, mas para credenciar-se como candidato no futuro e ajudar Lula a alvejar Geraldo Alckmin no Estado.

Os tucanos admitem que Mercadante será, no entanto, um candidato mais difícil de acusar do que Marta. "Marta desrespeitou a Lei de Responsabilidade Fiscal, não consegue responder às questões do Tribunal de Contas", cobra Zulaiê. Goldman discorda dos outros e lembra que o controle das emendas orçamentárias das prefeituras petistas "terá seqüelas".

MAIS FRACO

Os tucanos, no entanto, acham que eleitoralmente Mercadante é mais fraco que Marta. Em sua maioria, eles receberam a notícia da vitória do senador na prévia petista com uma ponta de segurança. "Ele é um candidato mais frágil que Marta", afirmou Goldman. Ele estranhou que Mercadante tenha ganho a prévia com votos do interior, região em que sua presença eleitoral é mínima: "Na última pesquisa Ibope, ele teve 0% de citação no interior", salientou, registrando que ele "não tem o que propor".

Beraldo garante que o PSDB não está "nem um pouco" preocupado com o candidato do PT. "Nós já estamos preparando nossa estrutura de campanha e o fato de ele ter sido escolhido não vai mudar uma vírgula do que já fizemos", afirmou.

Para Goldman, a escolha de Mercadante tem um ponto central: "O PT já está dando a eleição por perdida. Ele fará campanha só para tentar desgastar Geraldo Alckmin".