Título: Mercadante bate Marta em prévias e cola em Lula para superar Serra
Autor: Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/05/2006, Nacional, p. A4

Superada a disputa interna pela candidatura, PT fará planejamento conjunto da sucessão estadual e nacional

Confirmada a pré-candidatura do senador Aloizio Mercadante ao governo paulista, o PT iniciou o planejamento conjunto da sucessão estadual e nacional. Mercadante colou de vez a própria campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O primeiro passo será o programa partidário do PT, no rádio e na televisão, que vai ao ar este mês, no dia 20, em rede estadual, e no dia 25, em rede nacional. "Já estamos negociando com o comando nacional qual será a linha do programa em São Paulo", afirmou o presidente do PT paulista, Paulo Frateschi.

Preferido de Lula no embate interno com a ex-prefeita Marta Suplicy, ao falar ontem pela primeira vez como pré-candidato do PT, Mercadante reiterou sua prioridade. "Quero o governo de São Paulo em parceria com o federal. Vou dar cada momento da minha campanha para reeleger Lula." Foi ovacionado pelos militantes, dirigentes e parlamentares petistas que lotaram o salão de um hotel para o anúncio do resultado da prévia aos gritos de "Brasil, avante, é Lula e Mercadante".

São Paulo detém 22% do eleitorado do País e é a maior base eleitoral do ex-governador e pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin. Com 8% das intenções de voto no Estado, segundo o Ibope, muito atrás dos 50% do ex-prefeito José Serra (PSDB), Mercadante tem no governo Lula seu principal cabo eleitoral.

Marta Suplicy e Mercadante chegaram juntos ao hotel para apresentar o resultado da prévia paulista em clima de unidade. O senador alcançou 52,8% dos votos (35.626) e a ex-prefeita 47,2% (31.869), uma diferença de 3.757 votos.

Dos 192.960 filiados aptos a votar, foram às urnas 68.455. A direção estadual do PT esperava a participação de cerca de 80 mil, mas nega que a divulgação de novas denúncias do ex-secretário-geral Silvio Pereira tenha prejudicado o quórum.

A votação alcançada pelo senador especialmente no interior lhe garantiu a vitória. Com o apoio de 56 dos 57 prefeitos do PT em São Paulo, Mercadante somou 17.489 votos na região. Marta obteve 7.526. Na capital, que primeiro concluiu a apuração, ainda na noite de domingo, a ex-prefeita alcançou 16.591 votos e o senador, 8.390.

A disputa foi mais acirrada na Grande São Paulo, onde Mercadante conquistou 9.747 votos e a ex-prefeita, 7.752. Apenas na capital, base da ex-prefeita, o quórum superou a marca obtida na última eleição interna do PT, em setembro. À época, votaram aproximadamente 21 mil filiados na cidade e 71 mil em todo o Estado. O partido informou que a prévia custou R$ 400 mil, R$ 200 mil oferecidos para cada pré-candidatura.

Apenas um recurso formal foi registrado, impugnando cerca de 40 votos de uma urna em Bragança Paulista. Um fiscal alegou não ter encontrado a urna no local determinado. Marta e Mercadante fecharam antecipadamente um pacto de unidade, a pedido de Lula, prometendo não contestar a credibilidade do resultado. E assim foi.

UNIDADE

"Terminamos a prévia sem rachaduras, sem fissuras e mais unidos do que nunca", discursou brevemente a ex-prefeita Marta Suplicy. "O partido se revitalizou, temos todas as condições de vencer Serra, e vamos vencer." Dirigindo-se a Mercadante, ela prometeu: "Sua campanha passa a ser a nossa campanha e de reeleição do presidente Lula."

Acompanhado da mulher, Regina, e dos dois filhos, Mariana e Pedro, Mercadante falou emocionado à platéia. Evocou a militância e a unidade do partido, a exemplo de Frateschi e do presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, pouco antes dele. Também se declarou disposto a construir uma ampla coligação com partidos da base aliada no governo federal.

"São Paulo voltará a ser a locomotiva da Nação", afirmou. Ele citou os principais pontos do seu programa de governo, depois de atacar o PSDB e a renúncia do ex-prefeito José Serra à Prefeitura. Escolheu a educação como prioridade, prometeu acabar com a Febem, seguindo o modelo adotado no governo petista do Rio Grande Sul, e impedir a privatização da Ceterp e da Nossa Caixa. As diretrizes do programa aprovadas no encontro do PT, em dezembro, incluem a revisão dos contratos de concessão e privatizações do governo tucano.

O senador também se comprometeu a criar uma política de desenvolvimento regional. "Estamos prontos para a disputa", afirmou, lembrando que 70% do eleitorado paulista ainda não decidiu em quem votar para o governo.