Título: Governo minimiza tensão regional
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/06/2006, Economia & Negócios, p. B5

Assessor de Lula põe panos quentes nas medidas tomadas pelos vizinhos

O assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirmou à imprensa argentina que a Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba) está articulada ao redor de valores ideológicos, mas não é incompatível com o Mercosul. "É apenas diferente." A Alba é um projeto de integração regional proposta pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

Tentando amenizar as tensões entre Chávez e o governo de George W. Bush, Marco Aurélio sustentou que "Argentina, Brasil e Bolívia têm boas relações com Estados Unidos". Segundo ele, o único problema é a tensão exagerada entre os EUA e aVenezuela. No entanto, deixou claro que o Brasil está disposto a ajudar.

Apesar das tensões entre Washington e Caracas, o comércio entre os dois países é importante, especialmente no que concerne às vendas venezuelanas de petróleo ao mercado americano. "Gostaríamos que houvesse uma aproximação para poderem discutir uma agenda que reflita na área política o que já existe na econômica." Para ele, a situação de tensão entre Bush e Chávez "não é irreversível".

Marco Aurélio comentou a atual crise causada com o Brasil pelo governo do presidente Evo Morales, da Bolívia, que além de nacionalizar os hidrocarbonetos, aumentará o preço do gás que vende ao Brasil. "A Bolívia está fazendo com seu gás o que fizemos com o petróleo."

Segundo ele, no Brasil, depois do anúncio de Evo, a Petrobrás agiu com muita rapidez, mas também houve reações histéricas de certos setores. "Há uma dependência recíproca: o Brasil precisa do gás boliviano e a Bolívia necessita de nosso mercado". Mas Marco Aurélio também destacou que os investimentos da Petrobrás na Bolívia só serão feitos se houver segurança jurídica. Caso contrário, "não serão feitos".

O assessor de Lula também sustentou que "o Brasil não pretende ser o líder da região", que segundo ele, é preciso compartilhar. "Estaria disposto a que o Brasil compartilhasse a Copa do Mundo com a Argentina se isso fosse possível e se ajudasse na integração", comentou com ironia.