Título: Há 25 anos, os primeiros sintomas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/06/2006, Vida&, p. A14

Síndrome da imunodeficiência adquirida matou mais de 25 milhões de pessoas e infecta hoje 38,6 milhões

Hoje faz 25 anos que o mundo se deu conta da existência da aids, um dos males que hoje mais matam no mundo e que, apesar dos esforços da ciência, continua sem cura. No dia 5 de junho de 1981, exames médicos realizados em homens homossexuais dos EUA que sofriam de estranhos tipos de câncer de pele e pneumonia constataram a existência de uma síndrome que comprometia todo o sistema imunológico e podia ser transmitida de uma pessoa para outra.

Desde aquele primeiro alerta, a síndrome da imunodeficiência adquirida matou mais de 25 milhões de pessoas no mundo. Atualmente infecta 38,6 milhões em todos os continentes. Apesar de os pesquisadores dizerem que está desacelerando, a epidemia não perdeu o fôlego em algumas regiões do planeta, principalmente na África, o continente mais afetado. Na região mais pobre da região, ao sul do Deserto do Saara, 24,5 milhões estão infectados com o vírus da imunodeficiência humana, o HIV.

A partir de entrevistas com os primeiros doentes, os médicos americanos concluíram que grande parte deles havia tido relações com um mesmo homem, um comissário de bordo canadense, que ficou conhecido no meio médico como "paciente zero". Ainda existem dúvidas sobre o papel desse comissário de bordo na disseminação da síndrome.

Na época, os meios de comunicação tratavam a aids como a "peste gay". Chegou-se a criar pânico em algumas regiões, principalmente nos EUA, ao se cogitar a hipótese de que a doença poderia ser transmitida pelo contato social.

Com o tempo descobriu-se que o HIV também infectava as mulheres e poderia ser passada para o bebê na gravidez. Abandonou-se o conceito "grupos de risco" e adotou-se a expressão "comportamentos de risco".

TRATAMENTO

Em meados dos anos 80, surge o AZT, a primeira droga contra o HIV. No começo, os pacientes tratados com o remédio tiveram grandes melhoras. Mas, com o tempo, a droga passou a fazer menos efeito. Muitos doentes ficaram resistentes ao AZT. Na década seguinte, em 1994, descobriu-se que a combinação de diversos medicamentos, o chamado coquetel, era mais eficaz contra o vírus. O coquetel não acaba com o vírus, mas reduz sua presença no organismo a níveis baixíssimos. A expectativa de vida de quem tem o vírus ficou praticamente igual à de quem não tem.

Nessa época, o Brasil ganhou o centro das atenções internacionais ao se tornar o primeiro país em desenvolvimento a oferecer gratuitamente a todos os doentes os remédios do coquetel. No final da década de 90, para manter o programa, o País ameaçou quebrar as patentes dos medicamentos importados caso os fabricantes não baixassem os preços. EFE