Título: Aiatolá ameaça EUA com o petróleo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/06/2006, Internacional, p. A12

Líder supremo do Irã diz que se país agir 'errado' na questão nuclear, abastecimento pode ser prejudicado

O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, advertiu ontem os EUA de que, se adotarem um "comportamento errado" em relação ao Irã, o fluxo do petróleo pela região do Golfo Pérsico poderá ser "seriamente prejudicado". Khamenei se referia aos transporte do produto pelo estratégico Estreito de Ormuz, que fica entre o Irã e os Emirados Árabes Unidos. Por ali passam petroleiros vindos da Arábia Saudita, Emirados, Kuwait, Iraque e Catar.

Os EUA acusam o Irã de ter um plano secreto para fabricar armas atômicas, por isso exigem, com o apoio dos europeus, Rússia e China, que o país interrompa seu programa de enriquecimento de urânio. Esse processo tanto pode ter usos pacíficos, como na produção de energia elétrica, como ser desviado para armas atômicas. A ameaça de Khamenei surpreendeu os analistas políticos porque até então as autoridade iranianas vinham indicando que não usariam o petróleo como arma de pressão. O país é o quarto maior exportador do produto.

"Os EUA deveriam saber que o menor comportamento errado de sua parte poria em risco a segurança da energia na região. Vocês não são capazes de garantir a segurança da energia nesta região", advertiu Khamenei, num discurso para marcar o 17.º aniversário da morte do aiatolá Ruhollah Khomeini, o líder da Revolução Islâmica.

Khamenei não fez referências ao acordo firmado na quinta-feira, em Viena, pelos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Rússia, China, EUA, França e Grã-Bretanha), mais a Alemanha, o qual prevê a oferta de um pacote de benefícios ao Irã para que desista de enriquecer urânio. Esta semana o chanceler da União Européia, Javier Solana, irá a Teerã levar a oferta.

Diplomatas em Viena disseram que incluem um reator nuclear, cooperação tecnológica e garantias de segurança (de que o Irã não será atacado).