Título: 'Ninguém agüenta mais ouvir falar de eleição'
Autor: Roberto Lameirinhas
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/06/2006, Internacional, p. A10

O baixo movimento de eleitores na escola Maria Auxiliadora, de Chorrillos, bairro pobre a poucos minutos de Miraflores, distrito de Lima, indica o pouco entusiasmo com o segundo turno da votação presidencial. Em uma das mesas, apenas 10% dos 350 eleitores inscritos tinham votado às 10 horas, três horas depois da abertura das urnas. No primeiro turno de 9 de abril, neste mesmo horário, pelo menos o dobro de eleitores já tinha votado. Com pouco trabalho e preocupados com a provável fila que se formaria nas últimas horas da votação, os mesários se dedicavam a discutir temas alheios à eleição, como a Copa do Mundo.

"Essa campanha foi muito longa e ninguém agüenta mais ouvir falar de eleição", diz o presidente da mesa, o bancário Victor Flores. "No primeiro turno, quando havia outros candidatos, ainda se via algum ânimo. Pelo que se vê, se o voto não fosse obrigatório, pelo menos a metade dos eleitores não votaria." Apesar de esperarem trabalhar em dobro na parte da tarde, os membros da mesa ainda mantinham a esperança de voltar para casa antes das 18 horas. A votação se encerraria às 16 horas. Na eleição peruana, os votos são contados nas mesas, logo depois do encerramento da votação. O resultado é registrado numa ata, depois enviada ao centro de computação do Escritório Nacional de Processos Eleitorais (Onpe, pelas iniciais em espanhol).

"No primeiro turno, quando havia duas dezenas de candidatos à presidência e milhares de candidatos ao Congresso e ao Parlamento Andino, só conseguimos fechar a ata às 22 horas", disse Flores.