Título: Bolsas dos EUA arrastam Bovespa
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/06/2006, Economia & Negócios, p. B4

As bolsas americanas bem que ensaiaram uma recuperação ontem, mas não resistiram às pressões de investidores e arrastaram junto os mercados latino-americanos. A Nasdaq, que inclui maior parte das empresas do setor de tecnologia, caiu 0,51% e o índice Dow Jones, 0,65%. Na onda do nervosismo americano, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) despencou 3,54% e fechou em 35.264 pontos. O mercado doméstico abriu em queda, mas esboçou uma virada após o almoço, quando chegou a subir 0,16%.

O movimento, porém, foi invertido com o recuo das bolsas em Nova York. O índice Merval, da Argentina, caiu 1,59% e a Bolsa do México, 2,05%. Na Europa, depois de dois dias de fortes quedas, o mercado encerrou em alta. Mas as bolsas já estavam fechadas quando os índices americanos começaram a cair. A Bolsa de Frankfurt fechou em alta de 0,75%; Paris, 0,56%; Madri, 1,01%; e Milão, 0,75%.

O motivo principal para o nervosismo do mercado continua a ser o temor quanto aos rumos dos juros americanos e seus efeitos na economia. Nesse quadro, a queda no preço das commodities ontem deixou os analistas preocupados e foi interpretada como um sinal de desaceleração da economia, disse a analista da Tendências Consultoria Integrada, Alessandra Ribeiro.

Ela explica que os preços internacionais estão sendo puxados pela demanda mundial elevada. Se houver queda na economia, as empresas que dependem dessas commodities poderão ter seus resultados prejudicados. "Essa perspectiva abala as bolsas." Além do petróleo, que caiu mais de 2%, o alumínio e o níquel recuaram 2% ontem.

O economista da Modal Asset Management, Alexandre Póvoa, afirma que antes os analistas entendiam toda essa turbulência como um fenômeno financeiro. Agora estão começando a ver um problema econômico. "O mercado começa a acreditar num risco maior de crise econômica. O cenário piorou bastante", explica ele, que também atribui o nervosismo dos investidores à falta de experiência do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Ben Bernanke, nas declarações ao mercado.

Além da queda das commodities, outro fator que repercutiu no mercado financeiro ontem, mas de forma mais moderada, foi a elevação dos juros na Turquia. O banco central do país elevou em 1,75 ponto porcentual as taxas locais. Apesar da turbulência nas bolsas, o risco país caiu 2,24%, para 262 pontos, e o dólar 0,75%, para R$ 2,24.