Título: Rebeldes matam 50 no Iraque
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Fonte: O Estado de São Paulo, 30/05/2006, Internacional, p. A13

Somente em Bagdá foram oito atentados, incluindo um que matou dois técnicos e feriu a correspondente da CBS

Insurgentes iraquianos promoveram ontem uma onda de atentados com carro-bomba e outros tipos de ataque, tanto nas regiões xiitas como sunitas do Iraque, causando a morte de pelo menos 50 pessoas, incluindo dois membros da equipe técnica da TV americana CBS.

O cinegrafista Paul Douglas e o operador de som James Brolan, ambos britânicos, morreram quando um carro-bomba explodiu na passagem do comboio militar que eles acompanhavam, no centro de Bagdá. Um soldado americano e um trabalhador iraquiano não identificados também foram mortos nesse ataque, que deixou em estado crítico a correspondente da CBS, a jornalista Kimberley Dozier.

Com as baixas de ontem, desde o início da invasão do Iraque, em março de 2003, 69 jornalistas morreram no país em ataques ou situações de combate. Desse total, 50 eram iraquianos, mortos em explosões de bombas ou ataques de franco-atiradores.

Somente em Bagdá foram oito atentados ontem. No pior deles, uma bomba colocada numa estrada, 80 quilômetros ao norte de Bagdá, atingiu um ônibus que transportava trabalhadores iraquianos para a sede da organização extremista iraniana Mujahedin Khalq, de oposição ao regime islâmico no Irã. Morreram 13 pessoas e outras 15 ficaram feridas. Em Bagdá, nove pessoas foram mortas por um carro-bomba detonado perto de uma mesquita sunita e outras sete na explosão de uma bomba em um mercado.

O Parlamento do Iraque debateu mais uma vez ontem a deterioração da segurança na capital e em algumas províncias. Os deputados não chegaram a um acordo para a adoção de medidas práticas porque o primeiro-ministro Nuri al-Maliki ainda não conseguiu consenso entre os vários grupos políticos para a nomeação dos ministros do Interior e da Defesa.

Esses ministérios são cruciais para o combate à insurgência, pois controlam as várias unidades das forças de segurança. Passada uma semana da formação do governo de coalizão nacional, os partidos políticos continuam brigando pelo controle dos dois ministérios. O governo havia prometido para os árabes xiitas a pasta do Interior, responsável pela polícia, e para os árabes sunitas a da Defesa, que supervisiona as Forças Armadas. Mas xiitas e sunitas não conseguem entender-se sobre um nome aceitável para ambos os grupos.

Maliki depende desse acordo para que as forças de segurança iraquianas possam assumir o controle das 18 províncias nos próximos dois anos, no lugar das tropas estrangeiras.

Outra questão que põe em risco o governo de coalizão nacional é a exploração da principal riqueza do país, o petróleo, cujas reservas estão concentradas nas regiões curda, ao norte, e árabe xiita, ao sul.

Funcionários do governo central disseram ontem que a disputa sobre o controle do setor petrolífero entre facções rivais xiitas está muito tensa em Basra, no sul do Iraque. A cidade é a segunda maior do país e a maior da comunidade xiita. O governo vai enviar a Basra uma delegação que poderá ser encabeçada pelo próprio Maliki, dada a gravidade do assunto.