Título: PSDB e PFL montam ofensiva para superar fase 'amadora' da campanha
Autor: Ana Paula Scinocca e Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/05/2006, Nacional, p. A4

Ontem foram ao ar os programas regionais dos tucanos na TV, nos quais o presidente não foi poupado

O PSDB e o PFL desencadearam uma ofensiva para impulsionar a candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência. O alto comando tucano definiu ontem, em reunião na casa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, detalhamentos da estratégia para orientar o programa nacional do PSDB e as inserções publicitárias do partido em junho. Ontem foram ao ar os programas regionais dos tucanos na TV, nos quais o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi poupado. O partido aposta que a sucessão de programas de TV dará maior visibilidade a Alckmin, sobretudo no Nordeste.

Na reunião, Fernando Henrique, os pré-candidatos Geraldo Alckmin, José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), os senadores Tasso Jereissati (CE), presidente do partido, e Sérgio Guerra (PE), coordenador da campanha presidencial, definiram com Luiz Gonzalez, dono da produtora GW, a estratégia para a TV e para superar a apatia que havia tomado conta dos tucanos. Juntos, assistiram à cópia do programa paulista e aprovaram a linha pela qual não haverá acusação sem resposta.

Hoje, os principais líderes de PSDB e PFL, sob a batuta de Alckmin, fazem em Brasília a primeira reunião do conselho político da candidatura, para discutir as alianças estaduais, dar um exemplo de unidade da aliança e reforçar a idéia de que a campanha tem articulação e deixou para trás a fase "amadora", como eles próprios tinham definido na semana passada.

Na reunião da cúpula do PSDB em que o contra-ataque foi articulado e o discurso "afiado", os tucanos estabeleceram que até sexta-feira, segundo informou Guerra, o PSDB definirá o local que o comitê central da campanha de Alckmin deverá ocupar. Os estudos prévios indicaram dois endereços em Brasília. A inauguração será em 12 de junho, um dia depois da convenção nacional da sigla que vai homologar, em Belo Horizonte, a candidatura de Alckmin ao Palácio do Planalto.

Segundo a estratégia comum definida por PSDB e PFL, caberá aos pefelistas a tarefa de fazer as mais duras críticas ao presidente Lula, o principal adversário de Alckmin na sucessão de outubro. Os dois partidos terão uma seqüência de programas e inserções de rádio e TV, enquanto Lula não terá mais nenhuma exibição gratuita.

O próximo round será visto no dia 15 de junho, quando o PFL exibirá seu programa de propaganda gratuita. No dia 22, será a vez de o PSDB apresentar seu programa, que poderá abrir espaço para Alckmin, então já candidato formal.

A ofensiva tucana iniciada ontem veio acompanhada de boa notícia: a adesão oficial do PMDB de Pernambuco à chapa encabeçada por Alckmin, que tem o senador pernambucano José Jorge (PFL) como candidato a vice.

'APAGÃO'

"O episódio da semana passada está completamente superado", garantiu ontem João Carlos Meirelles, coordenador do programa de Alckmin. Segundo Meirelles, aquele comportamento dos líderes dos dois partidos - que pareciam mais adversários do que aliados - ficou para trás.

Em época de Copa do Mundo, um tucano recorreu ontem ao "apagão" da Seleção Brasileira de 1998, na final com a França, para ilustrar o que aconteceu na campanha de Alckmin na semana passada. "Há momentos em que o time inteiro fica apático, um esperando pela jogada do outro. Essas coisas fazem parte do jogo e é bom que aconteçam no começo do campeonato, e não na final", afirmou. "Agora, as farpas foram superadas e estamos prontos para o ataque."

Engenheiro de formação, Meirelles preferiu recorrer à física para explicar o momento da campanha tucana. "Temos energia potencial e, em julho (com o início oficial da campanha), ela vai se transformar em energia dinâmica", assegurou. "Estamos preparando tudo. Dia 12, o bloco vai estar pronto para ir à rua."

A chacoalhada na campanha tucana ocorreu uma semana depois de as pesquisas mostrarem um desempenho fraco de Alckmin e, pouco mais de quatro meses antes da eleição, uma vitória de Lula nas simulações de primeiro turno. Além das mudanças políticas, o PSDB dará continuidade hoje ao projeto de arrecadar fundos para as campanhas de Alckmin e Serra (que disputará o Palácio dos Bandeirantes) organizando jantar cujo convite custa R$ 3 mil.