Título: Tucanos tentam ligar PT a facção criminosa
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/05/2006, Nacional, p. A5

Os tucanos endureceram as críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem, mesmo dia em que foram divulgadas novas pesquisas lhe dando vantagem nas intenções de voto. Os líderes do PSDB no Congresso tentaram associar o PT e o presidente Lula à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

O líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), leu da tribuna uma nota divulgada pela internet sobre um ofício secreto que teria sido enviado pela Polícia Federal ao governo paulista. O documento se referia a uma mensagem que a facção criminosa teria disseminado pelos presídios paulistas no início de maio, estimulando levantes e recomendando o voto no PT, segundo Virgílio.

"Ainda bem que o PSDB não tem esses votos. Isso nos deixa honrados", fustigou Virgílio. "Não queremos os votos do PCC. Queremos eles todos na cadeia. Eles que votem no PT."

Na Câmara, o deputado Alberto Goldman (SP), vice-presidente do PSDB, denunciou o que chamou de "falta de escrúpulos" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na tentativa de se reeleger. Irritado com críticas presidenciais à oposição, que segundo declarações de Lula não gosta de povo, só gosta de ar condicionado, Goldman fez declarações duras envolvendo o presidente e o líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola.Para o tucano, ambos tiram proveito de forma semelhante da miséria.

"O Lula se utiliza da pobreza, da miséria e das injustiças sociais da mesma forma que Marcola o faz. A fonte de ambos é a mesma", atacou Goldman no plenário. Segundo o tucano, Lula usa os pobres para se manter no poder, do mesmo jeito que Marcola usa a pobreza e a miséria para organizar o crime.

O líder do PSDB na Câmara lembrou que o traficante pratica ações sociais e firma sua liderança, dando assistência às famílias de companheiros da organização criminosa que estão na cadeia. Em seguida, destacou que, na sua avaliação, o presidente Lula também procura tirar proveito eleitoral dos programas assistencialistas do governo.

AUTORIDADE

O deputado Paulo Delgado (PT-MG) reagiu aos ataques dos líderes tucanos. "O princípio de autoridade, no Brasil, tem que ser respeitado, principalmente pelos que pleiteiam o cargo da autoridade", disse o petista.

Delgado falou também sobre a comparação do presidente Lula a Marcola. "A opinião e o comportamento de um delinqüente não podem orientar o debate político. Quem pleiteia o poder e age dessa forma não o merece", afirmou o petista.