Título: Minirreforma é catástrofe, lamenta capital dos bonés
Autor: Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/05/2006, Nacional, p. A6

O veto à distribuição de bonés, camisetas e outros brindes nas eleições deste ano deixou Apucarana, no norte do Paraná, em clima de revolta. A cidade que produz 5 milhões de bonés por mês em suas 500 confecções, fornecendo metade da produção nacional e empregando 8 mil pessoas, prevê prejuízos incalculáveis com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tomada anteontem, de validar a minirreforma eleitoral já para 2006.

Se o conjunto de medidas vai ajudar a moralizar as eleições, ainda é uma incógnita, mas na cidade que vive do boné não se fala em outra coisa: prejuízo financeiro. O presidente da Associação Nacional das Indústrias de Bonés, Brindes e Similares (Anidde), Valdenilson Costa, o Vado, tachou a medida de catastrófica. A entidade, com sede em Apucarana, reúne 97 indústrias de 24 Estados.

Vado faz contas, mas não consegue estimar o quanto o setor deixará de faturar com a resolução da Justiça Eleitoral. "São milhões, muitos milhões", prevê. Diz que a indústria do boné emprega 40 mil pessoas em todo o País e a de camisetas, mais 100 mil.

No período eleitoral, de acordo com a Anide, as indústrias de todo o País produzem em média 10 milhões de bonés e 20 milhões de camisetas para os candidatos. A camiseta, segundo Vado, é o brinde mais solicitado.

O empresário Jayme Leonel estima que pelo menos 2 mil empregos temporários deixarão de ser oferecidos e lamenta que 6 milhões de bonés não sairão este ano das fábricas de Apucarana.

A presidente da Associação Comercial e Industrial da cidade, Maria Isabel Lopes, tenta provar que tanto candidatos como eleitores sairão perdendo: "Bonés e camisetas, além de serem um excelente meio de propaganda, são baratos e úteis."

A proibição deixou indignados os fabricantes de bonés, que estão em Apucarana para a 2ª Feira Nacional dos Fornecedores de Matérias-Primas para a Indústria de Bonés, Brindes e Similares (Expoboné), iniciada ontem. A feira reuniu 3,5 mil empresários, até do exterior, em 2005 e em ano eleitoral as expectativas eram dobradas. O setor, que já recebia as primeiras encomendas, teme agora ficar com o chapéu na mão.