Título: Esquema deu até R$ 1,5 milhão para parlamentares
Autor: Sônia Filgueiras e Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/05/2006, Nacional, p. A12

Documentos apreendidos pela Polícia Federal e pelo Ministério Público na Operação Sanguessuga indicam que integrantes do esquema teriam pago pelo menos R$ 1,5 milhão em propina a parlamentares e ex-parlamentares entre 2000 e 2002. Os registros dos repasses estão no livro-caixa da Planam, empresa acusada de se beneficiar do esquema, fornecendo ambulâncias superfaturadas às prefeituras, que as compravam com recursos de emendas parlamentares ao Orçamento da União.

O livro-caixa eletrônico registra a data e a forma dos repasses, classificados de "pagamentos a terceiros", especificando se foi em cheque ou dinheiro. Na maioria dos casos, os repasses eram feitos por meio de assessores dos parlamentares, também identificados, ou de empresários ou funcionários.

Entre os que se reelegeram, o campeão de supostos repasses, segundo o livro-caixa, é o deputado Nilton Capixaba (PTB-RO): tem R$ 437 mil registrados, com pagamentos concentrados em 26 repasses, de janeiro a maio de 2002. Em segundo lugar nas planilhas, com R$ 355 mil, está o ex-deputado Laire Rosado (PMDB-RN), cuja mulher é a deputada Sandra Rosado (PSB-RN). Pedro Henry (PP-MT) aparece como beneficiário de R$ 145 mil. E há registro de pelo menos dois pagamentos, no total de R$ 70 mil, para o deputado João Caldas (PL-AL).

Os documentos atribuem R$ 46 mil à deputada Teté Bezerra (PMDB-MT). Seu marido, o ex-senador Carlos Bezerra (PMDB-MT), que presidiu a Comissão de Orçamento do Congresso e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no governo Lula, aparece nas planilhas com um registro de R$ 10 mil.

As planilhas citam outros parlamentares e quase uma dezena de ex-parlamentares e suplentes, cujos nomes estão associados a repasses menores. Há registro de repasses de pelo menos R$ 140 mil para um funcionário da deputada licenciada Elaine Costa (PTB-RJ), Marco Antônio Lopes, que foi preso pela PF.

Junto ao nome de Marco Antônio consta a observação "parlamentares" ou "diversos parlamentares", o que aponta para a suspeita de que ele atuava como uma espécie de distribuidor de propinas na Câmara. Por causa dos valores expressivos, suspeita-se de que Capixaba e Laire Rosado desempenhavam o mesmo papel. Toda a documentação relativa ao suposto envolvimento de parlamentares foi remetido pela Justiça de Mato Grosso ao Congresso.