Título: Correios entram na lista de alvos do MST
Autor: Sílvio Ferreira
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/05/2006, Nacional, p. A14

Integrantes da Via Campesina, do Movimento dos Sem-Terra (MST) e do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) promoveram ontem protestos em frente a agências dos Correios em seis municípios do interior do Rio Grande do Sul e na capital. Na cidade de Santana do Livramento, distante 500 quilômetros de Porto Alegre, os manifestantes também se concentraram em frente às agências do Banrisul e do Banco do Brasil.

Nas sete agências dos Correios, os sem-terra postaram uma Carta Social endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No documento, os manifestantes reivindicam mais investimentos para os pequenos produtores e assentados, renegociação das dívidas e garantia de preço mínimo e comercialização por parte do governo federal.

Exigem também que seja realizada uma reforma agrária na Fazenda Guerra, localizada no município de Coqueiros do Sul, na região norte do Rio Grande do Sul.

De acordo com os integrantes do MST, a fazenda - que tem um registro de 7 mil hectares - ocupa cerca de 30% do município de Coqueiros do Sul sem apresentar índices aceitáveis de produção. Na visão do MST, a área seria suficiente para assentar aproximadamente 450 famílias.

Os trabalhadores também entregaram nas agências do Banrisul uma carta endereçada ao governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), pedindo a liberação de recursos para as pequenas propriedades e para os assentamentos.

DESOCUPAÇÃO

Em Curitiba, os cerca de 300 integrantes do MST que ocupavam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) desde terça-feira deixaram ontem, por volta das 15 horas, o estacionamento do prédio.

Segundo o coordenador José Damasceno, a pauta de reivindicações foi entregue e eles retornam para o interior do Estado, onde ficam aguardando as negociações que estão sendo feitas em Brasília.

Os sem-terra pedem o cumprimento do Plano Nacional de Reforma Agrária. Para o Paraná está previsto o assentamento de 2.292 famílias neste ano, mas até agora nada foi feito. O Incra alega que não pode agir sem aprovação e liberação de verbas orçamentárias.

No Estado são analisados 68 processos para a compra de áreas e outros 15 de desapropriação. Os sem-terra também pedem recursos para manter infra-estrutura nos assentamentos.