Título: Palestinos acusam Olmert de minar diálogo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/05/2006, Internacional, p. A15

Um porta-voz do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, acusou o primeiro-ministro Ehud Olmert de tentar minar futuras negociações por meio de operações militares na Cisjordânia que intensificam a violência, como a ofensiva ontem em Ramallah. Tropas israelenses entraram na cidade para prender extremistas palestinos. Quatro militantes morreram e mais de 50 pessoas ficaram feridas. "A ação em Ramallah mostra que o governo e o Exército israelense estão fazendo o melhor que podem para aumentar a tensão, destruir a trégua e evitar a volta à mesa de negociações", queixou-se o conselheiro de Abbas, Nabil Abu Rudeina.

Já o vice-chefe do comitê político do grupo Hamas no exílio, em Damasco, Abu Marzouk, repetiu que o grupo não vai negociar com Israel. Marzouk é o principal assessor de Khaled Meshal, o líder do Hamas no exílio, da ala mais dura. Já em Gaza, líderes do Hamas, pressionados pelo boicote internacional ao governo, são mais moderados. Ontem, o vice-primeiro-ministro Nasser Shaer disse que o governo apoiaria negociações de Abbas com Israel. Mas repetiu que o Hamas não aceita as condições impostas pela comunidade internacional (reconhecer Israel, renunciar à luta armada e aceitar os acordos de paz).

Em Gaza, continuam as escaramuças entre Hamas e da Fatah, facção de Abbas. Mascarados armados, provavelmente membros da Fatah, estariam por trás do seqüestro ontem de dois milicianos do Hamas e da morte de outro. Horas depois, Nabil Hodhod, um chefe da segurança leal a Abbas, era assassinado com carro-bomba. Pelo menos 13 pessoas morreram nos conflitos entre o Hamas e a Fatah na última semana.