Título: Leilão de energia nova é adiado
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/05/2006, Economia & Negócios, p. B7

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, anunciou ontem o adiamento do leilão de energia nova para o dia 29 de junho. Segundo ele, que participou ontem do Fórum Estadão de Energia, em São Paulo, a empresa decidiu esticar mais o prazo para possibilitar a entrada de usinas que ainda estão sem licenças ambientais.

Até o último levantamento, cerca de 157 usinas haviam feito inscrição para participar do evento. Desse total, 46 são de origem hidrelétrica, 85 termoelétricas, 1 importação e 1 de biomassa. Tolmasquim afirmou que há pedido de 13 usinas térmicas movidas a gás que poderão ficar fora do leilão.

"Se não conseguirem comprovar contrato de compra do combustível, elas não serão habilitadas", argumentou ele, explicando que a negativa deve-se aos desentendimentos com a Bolívia na área de gás natural. Mas se forem bicombustíveis poderão, sim, entrar no evento. Isso porque o empreendedor está assumindo o risco de usar um combustível mais caro.

Na lista das hidrelétricas que devem participar estão São Salvador, Salto do Rio Pilão e Serra do Facão. Essas usinas já foram leiloadas, mas ainda não foram construídas e não tem contrato de venda de energia. A Usina de Estreito também pediu habilitação, mas o presidente não sabe se ela entrará neste leilão ou no próximo para empreendimentos de 2011, que ocorrerá em setembro.

Tolmasquim também confirmou que o leilão do complexo Rio Madeira deverá ocorrerá ainda neste ano, depois de setembro. No momento, porém, as hidrelétricas aguardam a obtenção da licença ambiental. Já no caso de Belo Monte ele afirmou que não há pressa. Como a hidrelétrica está prevista no Plano Decenal de Energia para entrar em operação em 2014, o leilão poderá ocorrer até 2009.

Durante a apresentação no evento, Tolmasquim reconheceu as dificuldades para conseguir licenças ambientais para hidrelétricas. "Quase todas as novas usinas estão no Norte do País, já que o potencial do Sul e Sudeste já se exauriu." Mas o executivo, que baseou sua palestra na hidreletricidade e bioeletricidade, afirmou que todos os cuidados estão sendo tomados para garantir o menor impacto possível ao meio ambiente. Segundo ele, apenas 0,03% da Amazônia seria usada para construir todos os projetos previstos no Plano Decenal na região Norte e, assim, atender a demanda de energia do País. Belo Monte, por exemplo, alagaria 0,04 km2 por MW gerado.

Ele lembrou que o País terá de investir até 2015 cerca de R$ 74 bilhões na expansão do parque gerador e na transmissão de energia. Isso significará mais 40 mil MW e 41 mil km de linhas de transmissão. "Isso significa 4 mil km por ano, quase uma Argentina por ano", completou Tolmasquim.