Título: Sem consenso regional, escolha corre risco de veto
Autor: Denise Chrispim Marin, Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/06/2006, Nacional, p. A8

Se não houver consenso no grupo latino-americano da ONU sobre o preenchimento da vaga rotativa no Conselho de Segurança que será aberta este ano, a decisão passará para a Assembléia Geral, que decidirá por maioria de dois terços. O país que emergir dessa votação precisará ter o apoio dos cinco membros permanentes do CS (EUA, China, Rússia, Inglaterra e França), pois qualquer um deles pode vetar decisão que não for de seu agrado.

O assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse que, por ora, o governo brasileiro não trabalha com a hipótese de uma terceira candidatura, defendida pelo Chile como forma de evitar o impasse Venezuela-Guatemala. Em seu depoimento ao Senado, na quarta-feira, o assessor do presidente Lula deixou clara a insatisfação do Palácio do Planalto com a intromissão de Hugo Chávez no processo eleitoral do Peru. Garcia classificou a atitude como "desagradável" e disse que ela "não contribuiu" para o objetivo de integração da América do Sul. "Nós, no Brasil, não intervimos em eleições na região", afirmou Lula, na ocasião. "Achamos que certas declarações não ajudam." O líder brasileiro não escondeu também sua irritação com a intromissão da Venezuela no processo de nacionalização do gás da Bolívia.

A contrariedade com Chávez em Brasília não parece ser suficiente, no entanto, para que o governo petista negue ao líder venezuelano seu apoio para a vaga no CS da ONU ou evite que o País embarque em mais uma canoa furada, acrescentando nova derrota aos fiascos diplomáticos que o Itamaraty vem colecionando.