Título: Tucano promete máquina enxuta e crescimento
Autor: Ana Paula Scinocca e Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/06/2006, Nacional, p. A4

Ao detalhar suas propostas, candidato aproveita para resgatar paternidade de rede de proteção social

Ao discursar na convenção, o candidato Geraldo Alckmin seguiu a receita recomendada a ele há duas semanas pela cúpula do PSDB - na convenção, deveria discursar para calar as especulações de que não estava apresentando idéias para governar o Brasil. Na fala, exibiu um rascunho do que será seu programa de governo, com ênfase para a política econômica, educação, saúde, segurança e política externa, que tinha antecipado em entrevista publicada na edição de ontem do Estado. "Fazer a economia crescer é um clamor da sociedade brasileira hoje", ressaltou.

Para isso, prometeu descentralizar a administração, transferindo tarefas e recursos para Estados e municípios. Ele afirmou que pretende definir marcos regulatórios para estimular investimentos e atrair o setor privado. E também prestigiar as carreiras públicas e a meritocracia.

Alckmin disse que o governo Lula "gasta muito e gasta mal" e criticou o inchaço da máquina pública. "O atual presidente criou 12 ministérios, inchou a máquina estatal com os amigos do partido, aparelhou o serviço público com companheiros cuja única qualificação era o uso do distintivo partidário. Vou cortar esses ministérios criados à toa."

No campo da diplomacia, disse que "desastre é pouco para caracterizar a política externa do governo Lula". Para o tucano, o presidente é um homem "preso a fantasias ideológicas" e estabelece "relações perigosas com aventureiros de ocasião". Era uma referência aos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Evo Morales.

Na área da educação, o candidato do PSDB disse que vai imprimir qualidade ao ensino básico e ajudar Estados e municípios a darem formação universitária a todos os professores do ensino médio. E, por fim, dar ênfase ao ensino técnico.

Ele fez longa descrição dos programas sociais deixado pelo governo FHC, como forma de resgatar para os tucanos a paternidade da rede de proteção social, que o governo Lula anuncia como obra sua. Antecipou que vai trabalhar pela regulamentação imediata da Emenda 19, que estabeleceu níveis mínimos de recursos para a saúde, cuja aprovação final, segundo ele, está sendo bloqueada pelo governo.

Alckmin ressaltou que vai trabalhar com "indulgência zero" na segurança pública. Anunciou melhor aparelhamento da Polícia Federal e disse que vai discutir com os Estados a reforma das polícias estaduais. Anunciou um Conselho Nacional de Segurança Pública, a atualização do Código de Processo Penal e a construção de presídios modernos. Afirmou que crimes como o tráfico de armas e de drogas são de competência do governo federal.

Por fim, disse que vai propor uma reforma política, tendo como principais pontos a fidelidade partidária e o voto distrital misto. Para ele, é essencial combater a descrença na política: "Disseminou-se a falsa idéia de que todos os políticos são iguais. Não são, não."