Título: Hamas retira milícia das ruas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 27/05/2006, Internacional, p. A35

Grupo cede à pressão de Abbas, mas continua resistindo ao ultimato para reconhecer existência de Israel

O governo palestino, dirigido pelo grupo radical islâmico Hamas, retirou ontem das ruas uma milícia de 3 mil homens formada recentemente para patrulhar cidades da Faixa de Gaza. O Ministério do Interior alegou ter removido o contingente, integrado basicamente por militantes ou simpatizantes do Hamas, para evitar novos confrontos com a rival facção Fatah.

Nos últimos dias, dez pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em choques entre a milícia e forças de segurança da Autoridade Palestina (AP), presidida por Mahmud Abbas, que é o líder da Fatah. O Hamas criou a unidade depois de sua posse no governo, em março, na primeira vez em que a Fatah foi destituída do poder na AP.

De acordo com a legislação palestina, todas as forças de segurança estão subordinadas à presidência. Abbas ordenou que o primeiro-ministro Ismail Haniye, do Hamas, retirasse sua milícia das ruas, mas só foi atendido ontem, no segundo dia de negociações entre todos os grupos palestinos, em Ramallah, na Cisjordânia, com o objetivo de reduzir a crise política e financeira nos territórios. Mas o governo informou que a milícia não será desmantelada.

Ontem, um comunicado divulgado depois do encontro indicou que o Hamas poderia concordar com a realização de um referendo sobre a criação do Estado palestino na fronteira de 1967 (Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental). Isso implicaria a aceitação da existência de Israel. Na quinta-feira, Abbas deu um ultimato ao Hamas para que aceite os acordos de paz dentro de dez dias, do contrário convocaria o referendo. Oficialmente, porém, os líderes do Hamas continuam contestando a legalidade de um referendo e alegam que foram eleitos para cumprir sua plataforma.