Título: Mulher de Edemar responde a processo por lavagem de dinheiro
Autor: Paulo Baraldi, Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/05/2006, Economia & Negócios, p. B1,4

A mulher do banqueiro Edemar Cid Ferreira também será processada. A Justiça Federal acatou, na semana passada, denúncia do Ministério Público Federal que acusa Márcia Cid Ferreira, esposa de Edemar, de lavagem de dinheiro.

Agora, ela responde a um processo à parte, o qual será encaminhado à 6ª Vara Criminal Federal em São Paulo. O interrogatório de Márcia Cid Ferreira está marcado para terça-feira, dia 30 de maio.

A mulher do banqueiro aparece como a principal executiva na maioria das empresas de Edemar. Márcia e a irmã de Edemar, Edna Ferreira de Souza e Silva, são sócias de uma empresa aberta por Edemar para cuidar da construção da casa. Também aparecem como sócios duas empresas com sedes em paraísos fiscais. Edna também está sendo processada.

Edemar foi preso por ter se recusado a dar informações sobre obras de arte que teriam sumido de seu acervo. São mais de dez obras, avaliadas em algumas centenas de milhares de dólares cada uma. Entre elas, há nomes como o do escultor Henry Moore e dos artistas plásticos Roy Lichtenstein, Jean Michel Basquiat e Serge Poliakoff.

Em sua defesa, Edemar alegou que não era obrigado a dar informações se as obras estavam ou não em seu acervo. Nem a quem teria vendido as pinturas e esculturas. O Ministério Público de São Paulo entrou com pedido de prisão por entender que a atitude de Edemar seria um desrespeito, quase uma ironia contra a Justiça.

A decisão divide os advogados. Otto Steiner, que representa executivos que trabalharam no Banco Santos, diz que não era necessário prender Edemar porque ele não havia fugido e estava comparecendo à Justiça normalmente, sempre que solicitado. "Temos uma posição conflitante com Edemar, mas acho que nesse caso não havia necessidade da prisão", diz. Segundo ele, a prisão se justificaria se Edemar representasse um perigo para a sociedade ou houvesse sinais de que fugiria.

Já o advogado dos credores, Jairo Saddi, comemorou a decisão. "É extremamente salutar e tecnicamente perfeito", diz. Para Saddi, se houve fraude e crime financeiro, nada mais razoável do que a prisão. "É um sinal que a era da impunidade acabou", afirma.

Na semana passada, os credores do Banco Santos defendidos por Saddi fizeram uma reunião para discutir o processo. Pelas contas que fizeram, de cada R$ 100 que havia no banco, só serão recuperados R$ 12.