Título: Por Mercadante, petistas agem contra polarização
Autor: Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/05/2006, Nacional, p. A5

Na contramão dos planos de Lula, senador quer muitos candidatos na sucessão estadual para forçar 2.º turno

Determinados a levar a disputa pela sucessão paulista para o segundo turno, petistas do Estado sem saber trabalham contra os planos do presidente Lula de forçar a polarização com os tucanos. Nessa ofensiva, o alvo são principalmente legendas que compõem a base de Lula, mas que por questões locais não devem apoiar o pré-candidato Aloizio Mercadante. Estão na lista PP, PTB e PMDB. Também é considerado provável o apoio de PL e PC do B.

Fausto Figueira, primeiro-secretário da Assembléia, tornou-se defensor ferrenho da candidatura do prefeito de Santos, Beto Mansur (PP), de quem era adversário histórico. Figueira procurou petistas com trânsito no PP para que intercedam em favor de Mansur, cuja candidatura ainda é incerta no partido. "É uma ironia do destino", admite Figueira. "Temos conversado." As chances de Mansur cresceram com a absolvição do deputado federal Vadão Gomes, mensaleiro que mobilizava o partido em sua defesa.

Ao lado de outros deputados e dirigentes, Figueira participou das primeiras conversas para viabilizar um segundo palanque para o presidente Lula em São Paulo. É uma idéia ambiciosa: dobradinha entre o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B), e o ex-governador Orestes Quércia (PMDB). Aldo seria candidato ao governo e Quércia ao Senado. Ou vice-versa.

"Se fosse numa coligação ampla, voltada para o projeto nacional de reeleger Lula, até seria possível um acordo desse tipo", disse o presidente do PC do B, Renato Rabelo. A prioridade de Lula e da direção do PT em São Paulo hoje, porém, é trazer Quércia e o PMDB para uma aliança formal nos planos federal e estadual.

O PT torce também para que o deputado Luiz Antonio Fleury (PTB) seja candidato ao governo e elimine de vez a possibilidade de os petebistas fecharem uma aliança com o pré-candidato tucano, o ex-prefeito José Serra.

"É claro que quanto mais candidatos tivermos em São Paulo melhores as chances de segundo turno", afirmou o presidente do PT paulista, Paulo Frateschi. "Mas não há mágica. Não há muito o que fazer para interferir na decisão de outros partidos. O que estamos fazendo é negociar aliança nacional com PSB e PMDB para tentar garantir o apoio aqui também."

Em campanha na região de Ribeirão Preto, Mercadante disse ontem que ele não é o principal adversário de Serra. "O verdadeiro adversário do Serra é o Alckmin, a sociedade inteira sabe que ele só pensa 'naquilo' (disputar a Presidência da República)", comentou. Ele disse que não vai pautar sua campanha pelas pesquisas. A última, divulgada anteontem, mostrou diminuição da distância para Serra, que no entanto ainda vence no 1º turno.