Título: Presidente deve trazer de volta o 'Lulinha paz e amor'
Autor: Paulo Moreira Leite
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/05/2006, Nacional, p. A4

Mesmo sem assumir publicamente a candidatura, Lula cogita retomar o slogan usado na campanha de 2002

Muito mais à vontade para falar de sua possível candidatura, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que poderá adotar novamente o slogan "Lulinha paz e amor". "Da minha parte vocês vão perceber que, se eu decidir ser candidato, vou ser o 'Lulinha paz e amor' que fui na outra (campanha, em 2002), tranqüilo, sem nenhum problema." Segundo interlocutores, Lula está "muito feliz" com os resultados das últimas pesquisas, embora advirta as pessoas com as quais conversa para que tenham cuidado, alegando que eleição só se ganha após a contagem dos votos.

Em mais uma entrevista concedida desde que entrou no clima eleitoral, o presidente, após participar da 1ª Conferência Nacional da Pessoa Idosa, sugeriu não ter motivo para ficar apreensivo diante do embate com a oposição, quando os ataques deverão ser mútuos. "Eu não tenho nenhuma razão para estar nervoso, nenhuma."

Na primeira vez em que o slogan "Lulinha paz e amor" foi usado, em 2002, o então candidato petista à Presidência tentava acalmar os investidores externos e o mercado interno, garantindo que, no poder, cumpriria todos os acordos firmados. Agora, o "Lulinha" retorna no momento em que o presidente está à frente nas pesquisas de opinião para a eleição, reconquistando votos considerados perdidos no decorrer da crise do mensalão, quando petistas e ministros foram denunciados.

Lula insistiu em afirmar que ainda não é candidato e que falta um mês para decidir. Diante da observação de que os dirigentes do PT apresentaram a candidatura, voltou a deixar claro que só formalizará a decisão no final do próximo mês. "Anunciaram, mas eu só posso ser candidato quando decidir, e eu tenho até 30 de junho", avisou.

Sobre a pesquisa de opinião para o governo de São Paulo, na qual o candidato José Serra, do PSDB, se mantém à frente de Aloizio Mercadante (PT), Lula evitou comentar. "Não me perguntem de pesquisa, porque eu gosto de analisar as minhas, não gosto de ver as dos outros", salientou. "Vocês me conhecem há muito tempo e sabem que pesquisa não me move, nem para mais nem para menos." E ressaltou mais uma vez que o que vale é o resultado das urnas. "A pesquisa vai ser no dia da eleição, ali quando o povo apertar lá o botãozinho."

No Planalto, assessores aguardam definições das regras de como será o trabalho após o início oficial da campanha. A debandada que poderia ocorrer não é mais considerada por causa dos números das pesquisas e por conta da crise financeira do PT: se os auxiliares deixarem o governo, terão de ser remunerados pelo partido, que tem problema de caixa.