Título: Governo reduz de novo previsão da safra 2005/2006
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/06/2006, Economia & Negócios, p. B12

Na sétima reestimativa, queda de 0,7% diminui produção agrícola para 120,3 milhões de toneladas

O clima adverso e problemas fitossanitários, como infestação de fungos e ferrugens, provocaram uma queda de 0,7% na estimativa da safra de 2005/06. A produção foi reestimada ontem, pela sétima vez, para 120,3 milhões de toneladas, uma nova redução em relação à estimativa de maio, quando a previsão era de uma colheita de 121,1 milhões de toneladas.

A desaceleração da produção agrícola, no entanto, ainda não comprometeu o nível de produção alcançado em relação à safra de 2004/2005, quando foram colhidos 113,9 milhões de toneladas.

Os dados divulgados ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que a próxima safra ainda é 5,6% superior à colheita passada, resultado atribuído aos ganhos de produtividade de parte do setor. Na safra anterior, os agricultores colheram 113,9 milhões de toneladas.

Na realidade, a produção deveria ter sido muito maior, atingindo 132 milhões de toneladas. A quebra dessa safra ocorreu por causa dos problemas climáticos. Só no Rio Grande do Sul, a produção de soja caiu 80% no ano passado.

O presidente da Conab, Jacinto Ferreira, disse, ao divulgar a nova estimativa, que a decisão do governo de renegociar as dívidas dos agricultores e destinar maior volume de recursos ao setor reverteu a tendência de deterioração das estimativas para o plantio da safra 2006/07. "Estão sendo criadas condições para que o ano que vem não seja tão ruim", comentou.

O PIOR JÁ PASSOU Com exceção do trigo, que teve seu plantio iniciado no mês de abril, a próxima safra começa a ser plantada em meados de setembro. A iniciativa privada estava estimando, antes do pacote agrícola, que haveria uma redução de até 30% na área plantada com grãos.

O presidente da Conab, no entanto, acredita que o pior já passou e diz que as medidas do governo "deram uma mexida" no mercado e provocaram uma reação de alta nos preços. O resultado foi um novo estímulo ao plantio, segundo ele.

No entanto, o primeiro número para a próxima safra divulgado ontem pelo governo não foi muito animador. A área plantada com trigo na safra 2006/07 terá uma queda de 18,1%, de 2,36 milhões para 1,93 milhão de hectares.

Para fazer o levantamento, 87 técnicos da Conab saíram a campo entre 22 e 26 de maio. Eles constataram que os baixos preços no mercado e a descapitalização do produtor motivaram a redução na área plantada com trigo.

A produção do cereal deve somar 4,203 milhões de toneladas na safra 2006/07, ante 4,873 milhões de toneladas no período anterior, resultando numa queda de 13,7%. Mesmo com a redução, o presidente da Conab descartou a possibilidade de desabastecimento.

A demanda interna por trigo foi estimada pela Conab em 10,4 milhões de toneladas. "As importações vão aumentar, mas é pouca coisa", disse. Ele lembrou ainda que o governo tem estoques de passagem, produto que poderá ser oferecido aos moinhos quando houver necessidade. No final da safra 2005/06, o estoque somava 351,6 mil toneladas, mas o volume deve cair para 186,5 mil toneladas em 2006/07.