Título: 'Gripe lá fora não vira pneumonia'
Autor: Adriana Fernandes, Fabio Graner
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/06/2006, Economia & Negócios, p. B4

País está preparado para enfrentar crises, diz Meirelles

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse ontem que o País está numa rota de crescimento sustentável. Segundo ele, o fortalecimento dos fundamentos econômicos impede que uma gripe nos mercados internacionais se transforme em pneumonia no Brasil. Meirelles explica que o Produto Interno Bruto (PIB) vem crescendo baseado nos mercados interno e externo, além do que o País está "muito menos vulnerável" a choques, conforme comprovam indicadores positivos do setor externo.

"O importante é que o Brasil hoje, como mostrei na minha apresentação, já tem condições de enfrentar mudanças de humor no mercado internacional sem atrair crise. No passado, às vezes o mercado internacional pegava um gripe, o Brasil pegava uma pneumonia. Na verdade, agora, o mercado internacional pega uma gripe, e o Brasil pode pegar uma gripe, de preferência, inclusive, menos intensa", comentou, ao fim de seminário promovido pelas Câmaras de Comércio Exterior paulista e carioca, no Rio.

Durante a palestra para empresários e representantes de países latino-americanos, Meirelles procurou demonstrar o vigor da economia do País. Afirmou que, depois de se basear inicialmente apenas nas vendas ao exterior, o crescimento do PIB agora reflete também o avanço do mercado interno, favorecido pelo aumento da oferta de vagas formais e da remuneração.

Para Meirelles, a economia brasileira cresce de forma "sustentada, sustentável e em bases sólidas". Ele afirmou, também, que a taxa de juros real vem caindo nos últimos dez anos. "Estamos indo nessa direção. Para que a taxa média de juro real continue a cair, é necessário que cada vez mais o Brasil tenha inflações na meta. Isso, sim, dá confiança aos investidores, à população", declarou, reforçando a necessidade de "persistir na política correta".

CÂMBIO Sobre o câmbio, Meirelles voltou a afirmar que há estudos para aumentar a "modernidade da nossa legislação cambial". Segundo ele, o Conselho Monetário Nacional (CMN) já aprovou algumas medidas nesse sentido ano passado.

Questionado sobre o risco de o câmbio prejudicar as exportações e o crescimento, Meirelles disse que o câmbio "reage às forças de mercado". Segundo ele, à medida que avançam as exportações e o saldo comercial, cresce a entrada de divisas, provocando efeitos no câmbio.