Título: Ex-ministro agora só fala de gripe aviária
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/06/2006, Nacional, p. A7

Em sua primeira entrevista desde que deixou o Ministério da Fazenda, em março, Antonio Palocci se negou a falar sobre política, economia e muito menos sobre as denúncias de corrupção que provocaram sua saída do cargo e são alvos de investigação em Brasília e em Ribeirão Preto. O único tema abordado foi a gripe aviária, também assunto central das palestras dadas pelo ex-ministro desde o mês passado - segundo ele, para executivos de grandes empresas.

Palocci está em quarentena, depois de ter deixado o Ministério da Fazenda. Ele deu entrevista ao jornal A Cidade, de Ribeirão Preto, publicada ontem. O veículo de comunicação tem como acionistas a família Coutinho Nogueira, cujos empresários sempre foram ligados ao ex-ministro. O grupo também controla a EPTV, rede afiliada à Globo, com emissoras em Campinas, Ribeirão Preto e São Carlos, além de Varginha (MG). Chamadas no meio da programação da EPTV promoveram a entrevista do ex-ministro no jornal.

Médico sanitarista, Palocci disse que voltou para a profissão original e procura agora dedicar-se à medicina social, sua velha paixão. ¿O tema tem efeito sobre a minha mais recente paixão, a economia, já que uma pandemia de gripe aviária vai trazer um efeito econômico importante¿, relata Palocci ao A Cidade. Ele disse que a retomada da carreira de sanitarista é permanente, mas ressalvou: ¿Isso não quer dizer que eu não possa vir a fazer uma atividade política.¿

No restante da entrevista, Palocci fala como um exímio conhecedor da gripe aviária. Até comenta sobre economia, mas apenas para citar os impactos causados pela doença no comércio mundial de aves. ¿O comércio de aves tem sofrido bastante, com uma queda de 25% no consumo de frango. Mas os prejuízos decorrentes de uma pandemia seriam muito maiores. Você poderia ter uma paralisação de serviços essenciais, redução do comércio mundial, das atividades de turismo e de negócios.¿