Título: Mensaleiro que renunciou fica na 1ª fila em evento com presidente
Autor: Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/06/2006, Nacional, p. A6

Ministra afirma que convites para a solenidade foram feitos pelo Planalto

Na primeira fila da solenidade sobre o Dia do Meio Ambiente, uma figura chamava a atenção: o ex-deputado Paulo Rocha (PT-PA), acusado ter se beneficiado do esquema do mensalão, assistia tranqüilamente a cerimônia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a criação de novas áreas de proteção ambiental no Norte do País.

O petista renunciou ao mandato em outubro de 2005 para escapar do processo de cassação por suspeita de envolvimento no caso. O publicitário Marcos Valério afirma que repassou a ele R$ 920 mil. A CPI, por sua vez, achou documentos que comprovam o saque de R$ 420 mil, feito por uma assessora.

Mesmo após a renúncia, no entanto, Rocha é visto assiduamente nos corredores do Palácio do Planalto. O ex-parlamentar foi o único do PT a ceder aos apelos do governo e renunciar. Ontem, defendeu sua presença na cerimônia e disse que não tem nenhum constrangimento.

"Sou dirigente do partido no Pará. O PT do Pará tem importância. Esse movimento é uma luta da nossa terra", afirmou, referindo-se à criação de mais unidades de conservação ambiental na região. Rocha é candidato a deputado federal novamente.

CONVITES

Na solenidade de ontem, o ex-parlamentar ouviu os discursos do presidente Lula e da ministra Marina Silva (Meio Ambiente) numa das duas fileiras da frente, que estavam reservadas para ministros de Estado. Nem Lula nem Marina, entretanto, citaram o nome dele nos pronunciamentos.

Em entrevista após o evento, quando o presidente assinou atos de criação de parques e reservas extrativistas no Pará, na Amazônia e na Bahia, Marina Silva disse que os convites das solenidades realizadas no palácio são feitos pelo Planalto. Ela salientou ainda que pediria informações a assessores para saber se o ministério participou da elaboração da lista.

Questionada sobre se estava constrangida com a presença do mensaleiro na primeira fila da platéia, Marina respondeu: "Justiça não é vingança, é fazer cumprir a lei."