Título: Política econômica também será alvo de debate
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/06/2006, Nacional, p. A4

Um eventual segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também deverá ser marcado por mudanças no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e muitas discussões sobre a política econômica. Na semana passada, o tema já veio à tona quando o partido do presidente, o PT, descartou a inclusão da proposta de autonomia do Banco Central (BC) no programa de governo da reeleição.

A autonomia do BC foi levantada no início do governo, mas encontrou forte resistência entre os petistas. O assunto acabou tirado da pauta por ordem do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, a pedido das bancadas do partido no Congresso Nacional.

O coordenador da campanha do presidente Lula, Marco Aurélio Garcia, confirmou a exclusão do tema da campanha e disse que, neste ano, o governo já adota uma inflexão na política econômica em função dos ajustes feitos nos três primeiros anos da gestão PT. "Não se está propondo ruptura do modelo econômico. É possível uma política que responda às diretrizes que mencionei de maior crescimento, maior distribuição de renda", destacou Garcia, que também ocupa o posto de assessor especial da Presidência para Asssuntos Internacionais.

As mudanças projetadas para o futuro já estão na pauta da próxima reunião do CDES, marcada para o dia 29, no Rio de Janeiro. Em sessão plenária, os integrantes do conselhão vão divulgar um documento em torno do projeto de desenvolvimento para o País com diretrizes de planejamento para os próximos quatro, oito ou 12 anos.

De acordo com informações do CDES, o documento trará informações sobre as discussões em torno do valor a ser investido em infra-estrutura nos próximos oito anos, sobre os projetos regionais que possam estruturar as economias estaduais e sobre a forma de cálculo do salário mínimo de modo a que se tenha um aumento da renda e a dinamização do mercado. O documento será apresentado pelo ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro.

Os principais pontos do documento foram divididos em 11 itens. São eles: o valor a ser investido em infra-estrutura; como deverá ser calculado o salário mínimo para aumentara renda e dinamizar o mercado; qual será o valor do investimento em ciência e tecnologia; a extensão e a natureza das políticas de distribuição de renda diretamente pelo Estado; o significado do equilíbrio macroeconômico brasileiro no mundo globalizado; a relação das contas externas nacionais com o PIB e com os juros; projetos regionais que possam estruturar as economias estaduais; a tributação para micros, pequenas e médias empresas com uma visão de fomento; a reforma tributária sob a ótica do federalismo; alteração de prioridades: a medida do sucesso será a elevação do padrão de vida dos mais pobres, não o consumo dos mais ricos e a participação da sociedade na elaboração e execução do orçamento público.