Título: Governo reduz previsão da safra de grãos e algodão
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2006, Economia & Negócios, p. B15

Estimativa é 0,3% menor que a de abril, mas País produzirá mais

O governo reduziu de novo a estimativa de produção de grãos e algodão na safra 2005/2006. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os produtores colherão 121,1 milhões de toneladas no atual ano-safra, um aumento de 6,3% ante a safra 2004/2005, de 113,9 milhões de toneladas, que foi prejudicada pelo clima adverso, principalmente na Região Sul. Em relação à previsão anterior, divulgada em abril, a estimativa atual aponta recuo de 0,3% na produção. No mês passado, a projeção da Conab era de colheita de 121,5 milhões de toneladas.

Desde o primeiro levantamento, divulgado em outubro, a Conab vem reduzindo a estimativa para a safra. Em outubro, a indicação era de colheita entre 121,532 milhões e 124,854 milhões de toneladas. Os resultados das estimativas posteriores indicaram as seguintes produções: 122,668 milhões de toneladas, 124,881 milhões, 124,403 milhões de toneladas, 122,562 milhões e 121,5 milhões de toneladas no mês passado. A Conab só calcula a safra dentro de um intervalo na primeira estimativa.

"A redução deve-se às condições climáticas adversas, como a estiagem na maioria dos Estados e excesso de chuvas no Centro-Oeste, e incidência de doenças fúngicas, como ferrugem asiática da soja", disse o presidente da Conab, Jacinto Ferreira.Segundo técnicos da estatal, a produtividade é o principal fator para justificar o crescimento de 6,3% na produção nesta safra ante o ano-agrícola anterior. Apesar da crise, os produtores colherão este ano a segunda maior safra da História do País - a primeira foi a de 2002/2003, com 123,2 milhões de toneladas.

Apesar da queda, Ferreira descartou o risco de desabastecimento interno e lembrou os estoques acumulados pelo governo. Segundo a Conab, os estoques de passagem de milho são de 4,669 milhões de toneladas; os de arroz são de 1,270 milhão de toneladas.

Questionado sobre as manifestações de agricultores no Centro-Oeste do País, com bloqueio de estradas, Ferreira disse que o governo tomou medidas para minimizar a crise. A região responde por 32,9% da produção do País, o que representa 39,8 milhões de toneladas. Ele salientou que a taxa de câmbio, apontada pelos produtores como causa da crise, é "uma mão dupla", pois, se há redução do rendimento dos produtores quando o dólar em queda barateia as exportações, favorece os agricultores na compra de insumos.