Título: Varig cortará 6 linhas no exterior
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2006, Economia & Negócios, p. B22

Plano de reestruturação apresentado à Justiça prevê fim dos vôos para Paris, Copenhague e Lisboa

O estudo preliminar da consultoria Alvarez&Marsal, responsável pela reestruturação da Varig, prevê cortes na parte da empresa dedicada aos vôos internacionais. Segundo o plano, a Varig será separada em duas companhias, uma dedicada às linhas domésticas e outra ao exterior. As duas seriam oferecidas a investidores. Ontem, as ações da Varig subiram 90,6% e movimentaram mais dinheiro do que os papéis do Bradesco. A alta se deve à especulação de investidores sobre uma eventual ajuda do governo para viabilizar o plano.

Pelo projeto, a parte doméstica é avaliada em US$ 700 milhões. Já a parte internacional, que ficaria com as dívidas, teria cortes de seis destinos considerados menos rentáveis na América Latina e Europa, dentre eles Paris.

Além disso, haveria uma mudança radical de foco: a Varig voltaria a brigar pelo tráfego de executivos e tarifas altas. Por ter perdido aviões durante a crise, a Varig cedeu terreno no mercado internacional, no qual faturou perto de US$ 1,5 bilhão (pouco acima de R$ 3 bilhões).

O estudo prevê o cancelamentos dos vôos para Assunção, Montevidéu, Santa Cruz de la Sierra, Copenhage, Paris e Lisboa. Ao mesmo tempo, cresceria a quantidade de vôos para Los Angeles e Munique. O total de vôos semanais cairia de 77 para 70, com 16 aviões voando para o exterior. Depois disso, a empresa passaria a voar com 19 jatos e abriria linhas para Chicago, com 21 aviões. Voltaria a ter 77 vôos por semana.

A divisão da empresa em doméstica e internacional está sendo analisada com o governo e depende de aprovação em assembléia de credores na semana que vem. O objetivo do estudo é retomar os horários noturnos diários, procurados por passageiros de negócios e de maior renda, que pagam tarifas mais altas pelo melhor horário nos vôos intercontinentais. O que vem acontecendo é o inverso: ¿limitações da oferta¿ levaram a Varig a usar apenas um avião em algumas rotas, o que obriga a fazer vôos diurnos.

¿O resultado negativo da Varig em alguns mercados hoje explica-se pela deterioração do produto (vôos diurnos, baixa regularidade e pontualidade, má condição da frota). É razoável supor que a melhora das condições no produto traga de volta a demanda e a rentabilidade perdida. Isso inclui freqüências diárias em toda a malha internacional¿, registra o estudo protocolado no processo de recuperação judicial da empresa.

O cenário traçado é o considerado ¿o mais adequado à posição competitiva que a Varig pretende assumir¿. O diretor-geral da Alvarez&Marsal, Marcelo Gomes, confirmou que o plano prevê deixar algumas cidades, permanecer em outras e aumentar a oferta com o tempo.

Um ponto crítico, contudo, será recompor a frota, o que seria possível com renegociações de contratos e novos aluguéis. ¿Não tem discussão a empresa sair de cinco destes seis destinos, são cortes que devem ser feitos. A demanda está diluída e a receita é baixa.A dúvida é Paris. Mas nessa rota a empresa tem forte concorrência da TAM e da Air France. O estudo mantém os mercados preferenciais¿, afirmou o consultor Paulo Bittencourt Sampaio.

PROMOÇÃO Ontem, a Varig lançou promoção de aniversário de 79 anos da empresa, na rota Rio-São Paulo. A partir de hoje, quem comprar passagem , ao preço de R$ 798, pode adquirir o bilhete de ida e volta do acompanhante por R$ 79, com crédito de milhas.