Título: Lula se aproxima de Alckmin em São Paulo
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2006, Nacional, p. A12

Pesquisa Ibope no Estado mostra que tucano já não vence no 1.º turno

Um mês depois de deixar o governo paulista com uma avaliação positiva de 62%, o pré-candidato Geraldo Alckmin cedeu 9 pontos porcentuais ao seu adversário Luiz Inácio Lula da Silva na preferência do eleitorado paulista, segundo pesquisa Ibope feita para a Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de São Paulo (Fetcesp). Alckmin continua vencendo Lula no Estado, mas agora teria 42% (46% em abril) a 33% (28% em abril) num cenário e 43% a 34%, em outro.

Se a eleição presidencial fosse só em São Paulo, Alckmin já não ganharia no primeiro turno, como ocorreria em abril. Num hipotético segundo turno só no Estado, Alckmin teria 52% (55% em abril) e Lula, 36% (31% em abril). A nova pesquisa Ibope/Fetcesp mostrou, nos dois cenários pesquisados, que a eleição presidencial em São Paulo está completamente polarizada entre PSDB e PT - o que se repete na eleição para o governo estadual.

Maurício Garcia, do Ibope, explicou as razões da redução da vantagem de Alckmin: a pesquisa anterior foi feita no início de abril, logo após a confirmação de Alckmin como candidato à Presidência pelo PSDB, o que o colocou em forte evidência; mas de lá para cá cresceu a exposição pública de Lula, principalmente com a campanha que comemora a auto-suficiência brasileira na produção de petróleo e com o vôo do astronauta brasileiro, tenente-coronel Marcos Pontes, uma proeza que os eleitores medianos "colam" em Lula.

O candidato deu explicações parecidas. Para ele, a redução se deve à "enorme massa de propaganda do governo federal, o que é um absurdo", e à saída dele da mídia paulista depois que deixou o governo estadual.

REJEIÇÃO

Alckmin tem larga vantagem quando se observa a rejeição dos candidatos pelos eleitores paulistas. Ele ostenta um índice de rejeição muito baixo - apenas 11% (mesmo de abril); já Lula é rechaçado por um terço do eleitorado (33% agora, 35% em abril); a rejeição mais alta entre os principais pré-candidatos é a do ex-governador fluminense Anthony Garotinho (PMDB), que atinge os 39% (35% em abril). O recordista em rejeição, no entanto, é o deputado Enéas Carneiro (Prona), em quem não votariam 39% dos eleitores paulistas (37% em abril).

Alckmin venceria apertado na capital (42% a 35%) e com vantagem bem maior no interior (45% a 29%), mas perderia na periferia - o entorno da capital, cujo eleitorado é engrossado pelas cidades industriais do ABC paulista -, onde Lula venceria por 42% a 33%. Alckmin venceria em todas as faixas de idade, renda e educação, mas só tem vantagem considerável na faixa entre 30 e 39 anos (47% a 29%), nos que têm curso superior (55% a 22%) e nos que ganham mais de 10 salários mínimos (61% a 21%) ou entre 5 e 10 salários (48% a 32%).

Na primeira rodada da pesquisa Ibope/Fetcesp, em março, Alckmin e Lula apareceram empatados, ambos com 32%. Nas eleições reais de 2002, Lula bateu o tucano José Serra no Estado de São Paulo por 46,1% a 28,5%. De cada 4,5 eleitores brasileiros, 1 vive em São Paulo, que tem um contingente de 27,7 milhões de inscritos, correspondente a 22% do eleitorado total do País.

Na menção espontânea do eleitor, Lula alcançou 25% (21% em abril) e Alckmin, 24% (25% em abril). A pesquisa Ibope/Fetcesp foi a campo entre os dias 28 e 30 de abril e consultou 1.204 eleitores em 63 municípios paulistas.