Título: Infiltrar-se na máquina pública era meta do PCC
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/05/2006, Metrópole, p. C10

No depoimento à CPI do Tráfico de Armas, o diretor do Deic, Godofredo Bittencourt, e o delegado Ruy Ferraz Fontes revelaram estratégias do PCC para se infiltrar na máquina pública. Além de financiar cursos de integrantes e campanhas de deputados, pelo menos uma vez a facção comprou respostas de concurso público para contratação de agentes penitenciários.

Ferraz confirmou que o PCC tinha conexão com uma quadrilha de Brasília especializada em fraudar processos de seleção. No ano passado, as Polícias Federal e do Distrito Federal descobriram que o grupo entregou previamente ao PCC gabarito de um concurso de agente penitenciário federal, uma então recém-criada carreira.

"Não tenho dúvida de que eles tinham clara intenção de garantir número significativo de pessoas entre os aprovados", disse o deputado Paulo Pimenta (PT-RS).

Bittencourt e Ferraz falaram também de um livro-caixa apreendido com o tesoureiro do PCC, já morto, que permitiu identificar a estrutura da facção. Após a prisão desse homem, Marcola teria descentralizado a tesouraria. "Eles pagam pela formatura de pessoas nas escolas de Direito. Está escriturado em livro", disse Ferraz. P elas entradas e saídas de dinheiro registradas no livro , descobriu-se ainda que o PCC arrecada cerca de R$ 750 mil por mês.

ELEIÇÃO

Outra pretensão do PCC, segundo contaram os delegados à CPI, é obter força política. "Ele (Marcola) pretende uma estrutura política; ou seja, está, digamos assim, trazendo gente que se interesse pela candidatura e apostando, investindo nessa gente para tentar sua eleição", disse Ferraz. A polícia está tentando identificar quem seria o candidato, provavelmente um advogado.