Título: Bastos pede para não politizar crise
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/05/2006, Metrópole, p. C10

Ministro assume papel de bombeiro e diz que problema é do País e deve ser tratado como questão de Estado

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, assumiu ontem o papel de bombeiro da crise entre os governos federal e paulista em razão da onda de ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC). Em Tatuí, na região de Sorocaba, após a entrega de 225 veículos para a Polícia Rodoviária Federal, ele disse que a crise "é do País" e deve ser tratada como uma questão de Estado, não de governo.

O ministro se esquivou das perguntas sobre o bate-boca que envolve representantes do Estado e do Palácio do Planalto sobre se o governo paulista deveria ter aceitado a ajuda federal ou negociado com a facção. Disse que a questão não é política e não deve ser transformada em objeto de disputa eleitoral. "É preciso não politizar a crise. Segurança não é questão de eleição, é uma questão de Estado e como tal deve ser tratada."

Thomaz Bastos dividiu as responsabilidades pela onda de violência ao incluir a reforma do Judiciário e o combate à lavagem de dinheiro entre as medidas necessárias para que o crime seja enfrentado. "É uma crise do País, localizada em São Paulo. Não pode ser objeto de disputa eleitoral."

Para o ministro, o Brasil não vive uma crise de leis, mas de instituições. "É preciso um Poder Judiciário forte e democratizado para dar uma resposta rápida ao crime." Ele acredita que não faltou entendimento entre os governos paulista e federal durante o caos em São Paulo. "Eles (o governo paulista) acham que neste momento não precisam do auxílio da Polícia Federal, do Exército e da Força Nacional, mas estão em parceria constante com a PF."

O secretário nacional de Segurança Pública, Luis Fernando Correa, que acompanhou Thomaz Bastos, não comentou a declaração do secretário de Segurança paulista, Saulo Abreu, sobre a proposta do governo federal de deslocar a Força Nacional para o Estado. Saulo disse que a Força Nacional "é um engodo, um estelionato", pois não existe na prática. "É uma opinião dele e cada um tem a sua", disse Correa.