Título: Polícia de Abbas confisca euros do Hamas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 20/05/2006, Internacional, p. A25

Sob boicote do Ocidente, grupo tentou levar ilegalmente a Gaza 639 mil

As forças de segurança da Autoridade Palestina (AP) - leais ao movimento Fatah - confiscaram ontem 639 mil do porta-voz do grupo islâmico Hamas, Sami Abu Zuhri, no momento em que ele tentava entrar na Faixa de Gaza, vindo do Egito. Os guardas no terminal de Rafah são subordinados ao presidente da AP, Mahmud Abbas, que mantém uma disputa de poder com o Hamas.

Zuhri disse à rede de TV Al-Arabia, de Dubai, que o dinheiro se destinava a pagar despesas da população e dos palestinos presos em Israel, aliviando os efeitos do boicote dos EUA, União Européia e Israel ao governo, iniciado depois da posse do Hamas, em fins de março.

Desde que Israel entregou a Faixa de Gaza ao controle palestino, em setembro, o terminal de Rafah é controlado pela Autoridade Palestina, sob supervisão de observadores da União Européia. Segundo o porta-voz do contingente europeu, Julio De La Guardia, os passageiros são obrigados a declarar quantias superiores a 2 mil e explicar sua origem.

O deputado do Hamas Mushir al-Masri disse à imprensa que o dinheiro havia sido arrecadado em países árabes e muçulmanos para apoiar o governo palestino. Sem recursos, o Hamas não paga os salários dos cerca de 160 mil funcionários públicos há mais de dois meses, o que aumenta a crise econômica palestina e contribui para elevar a tensão entre o grupo islâmico e a Fatah.

O risco de confrontos entre os dois grupos é grande porque esta semana o Hamas pôs nas ruas de Gaza uma força policial de 3 mil homens, integrada por seus militantes. Abbas ordenou que o governo retire esse contingente porque a segurança é responsabilidade das forças sob seu controle. Mas o primeiro-ministro Ismail Haniye repetiu ontem que não fará isso.

JORDÂNIA

O rei da Jordânia, Abdala, escreveu na quinta-feira ao presidente dos EUA, George W. Bush, pedindo-lhe que ajude a restabelecer o processo de paz palestino-israelense, pois teme que a instabilidade na Cisjordânia possa espalhar-se para o território jordaniano. Abdala ressaltou que qualquer retirada israelense da Cisjordânia é bem-vinda, desde que negociada com os palestinos.

A carta antecede a primeira visita do novo primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, à Casa Branca, na terça-feira. Um dos objetivos de Olmert seria buscar o apoio de Bush a seu plano de retirada unilateral de colônias judaicas da Cisjordânia, se até o fim do ano o Hamas não abdicar de sua plataforma, que prevê a destruição de Israel e a continuação da luta armada.