Título: Para Alckmin, presidente tem de 'ir para o banco de reservas'
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/05/2006, Nacional, p. A18

Pré-candidato diz que Lula é "simplista" ao atribuir crime em São Paulo à falta de escolaridade

Da selva amazônica, em busca de votos e parcerias, o pré-candidato à Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin, declarou ontem que "o Brasil não agüenta mais quatro anos" de Luiz Inácio Lula da Silva. "O Lula já teve sua oportunidade, agora é hora de ir para o banco de reservas. O governo já acabou no ano passado, o governo está imobilizado, o País está parado, perdendo oportunidades", disse.

O tucano acusou o presidente Lula de ofender os brasileiros de baixa escolaridade ao atribuir a onda de crimes em São Paulo à ausência da investimentos em educação. "Simplista" e "equivocada" foram dois adjetivos usados por Alckmin para definir a tese do presidente. Teve mais: "É óbvio que tem de investir em educação. E o governo Lula reduziu os investimentos em relação ao PIB ano a ano." Para o ex-governador, o problema do crime organizado é nacional e exige "inteligência policial".

Alckmin chegou de jatinho a Tucuruí, sudoeste do Pará, às 13h20, acompanhado de dois senadores e do governador do Estado, Simão Jatene (PSDB). A gente simples que foi ao aeroporto o chamou de "Óquimin", enquanto o puxava para fotos. O prefeito da cidade, Cláudio Furman (PTB), o saudou como "presidente do Brasil".

O pré-candidato do PSDB garantiu que sua campanha não está capenga. "Ao contrário, vai de vento em popa. Saio do Pará com grande entusiasmo." Para ele, a disputa ainda não começou para valer.

Alckmin afirmou que a escolha de José Jorge (PFL) para vice de sua chapa "é muito boa". E desdenhou de quem não apostava e ainda não aposta em seu êxito na corrida ao Planalto. "Na realidade disseram que eu não ia ser candidato e eu sou candidato, disseram que eu não ia fazer aliança, que o PFL não ia fazer aliança, mas a aliança está praticamente entabulada. Disseram que eu não ia decolar, já estamos com mais de 20%, em segundo lugar e já indo para o segundo turno. Vamos ganhar a eleição, vamos ganhar para trabalhar pelo Brasil."

Como projeto de governo, defendeu "um conjunto de reformas" - uma agenda do crescimento. "Nosso tempo é o tempo da mudança", prometeu, falando também em "sangue novo, energia nova" e em um programa de governo para combater as desigualdades regionais e ainda promover emprego, renda e trabalho.

No fim da tarde, Alckmin visitou Marabá, depois de ver a hidrelétrica e as obras paradas da eclusa de Tucuruí. "É uma vergonha, é uma das 3.000 obras paradas no Brasil." A eclusa, que começou a ser construída em 1996, é parte da hidrovia Tocantins/Araguaia. Segundo o ex-governador, a eclusa pode ser concluída com investimento de R$ 600 milhões, em três anos. Alckmin prometeu retomar a obra imediatamente, se for eleito.