Título: Varig cobra mais critério na escolha de investidores
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/05/2006, Economia & Negócios, p. B18

O presidente da Varig, Marcelo Bottini, pediu ontem a adoção de critérios mais rígidos à consultoria que seleciona investidores interessados em comprar a empresa. Nos últimos dias, a consultoria Alvarez & Marsal divulgou que havia 14 potenciais compradores para a Varig. Entre eles, estariam empresas nacionais, como TAM, Gol, BRA, WebJet e OceanAir.

"Tem que ter bastante critério, porque já se falou 8, 14 ou 20. Eu poderia dizer 50 se levasse em conta o número de pessoas que me perguntam a respeito (do leilão)", diz Bottini. Segundo ele, os investidores têm buscado diretamente a Varig, o BNDES ou a Alvarez & Marsal. "Tinha dois nomes na lista que eu disse: é brincadeira! Quanto mais perto do leilão, mais palpável esse número vai ficar", diz o presidente da Varig. O presidente da Varig diz que existem, no momento, 12 candidatos ao leilão.

Bottini diz que o BNDES deve divulgar na segunda ou terça-feira quem irá obter o financiamento de até US$ 166,6 milhões para recompor o fluxo de caixa da Varig e participar do leilão. Das três propostas entregues, as duas que são de conhecimento do mercado não cumpriram a principal exigência, que é a apresentação de carta-fiança como garantia. Tanto os Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), quanto o Banco BRJ pediram o limite que o BNDES está disposto a financiar.

O TGV, que reúne cinco associações de funcionários, pediu ao BNDES um empréstimo de US$ 150 milhões. Em contrapartida, ofereceu três possibilidades de garantia: desconto de salário em folha, ações da Varig operacional (uma das duas modalidades de venda, avaliada em US$ 860 milhões com as rotas nacionais e internacionais) e o programa Smiles.

O BRJ, banco de pequeno porte especializado em crédito imobiliário, apresentou uma contraproposta que prevê a criação de um fundo para abrigar a receita de cartões de crédito gerada pela venda parcelada de passagens já utilizadas. O BNDES seria cotista desse fundo e o vencedor do leilão da Varig, previsto para o início de julho, poderia devolver o valor do financiamento ao banco estatal. O BRJ não quer concorrer no leilão, mas planeja administrar os recebíveis da Varig por cinco anos.

A Varig e a BR Distribuidora vão concluir na segunda-feira o acordo que definirá prazos para pagar o fornecimento de combustível.