Título: 'Torcemos para que a Varig continue operando'
Autor: Renata Gama e Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2006, Economia & Negócios, p. B6

A Gol não participou do leilão da Varig por ¿razões estratégicas e táticas¿. É o que conta o vice-presidente de marketing e serviços da empresa, Tarcísio Gargioni, em entrevista ao Estado. Para Gargioni, a indefinição sobre o desfecho da venda da Varig, no leilão da semana passada, não muda muito o cenário do mercado, mas é preciso aguardar o resultado final. A seguir, os principais pontos da entrevista:

Como fica o mercado com esta indefinição quanto à venda da Varig? Não muda muito. Vamos aguardar primeiro a definição de como vai ficar. Nós torcemos para que a Varig continue operando e possa encontrar o seu caminho, mantendo toda sua infra-estrutura à disposição da aviação comercial brasileira. Mas temos de aguardar ainda.

Havia a expectativa que a Gol participasse do leilão. Por que a Gol não se interessou pelo negócio? Evidentemente, não posso nesse momento justificar nem esclarecer as razões. Por razões estratégicas e táticas nós resolvemos não entrar.

Nesse momento, por quê? Por que não está definido ainda? Não, nesse momento, porque o leilão aconteceu ontem.

Que ativos vocês enxergaram à venda na Varig? A Varig tem 15%, 16% do mercado brasileiro, e 75% do mercado internacional. Isso tem uma receita, um valor, como qualquer fundo comercial. E, por outro lado, existem os passivos, e aí é feita uma balança com relação a isso.

Além desse fundo de comércio, horários de vôo e slots (intervalos para pousos e decolagens) são ativos negociáveis? A proposta estava clara no edital, o que era ativo e o que era passivo. Isso estava claro.

Por que uma empresa gastaria milhões de dólares para comprar hotrans e slots que poderiam ser concedidos, apenas, pelo poder público? A oportunidade era qual? Nós entramos no data-room para avaliar as informações. Avaliamos e decidimos não entrar no leilão. Se a Ocean Air entrasse na Varig, seria um risco para vocês, por ter novo competidor (de maior peso)? Tem de perguntar à Ocean Air (risos).

A Gol foi prejudicada no período (2003 e 2004) em que TAM e Varig tentavam uma fusão e o governo decidiu controlar a oferta de vôos? Nós temos a nossa política, nossa visão, que é fazer o controle do mercado por competência e fazer com o que o mercado cresça. Nós preferimos estimular o mercado. Evidentemente, naquele período tivemos um período de um congelamento (da expansão da oferta). Nesse momento é muito difícil dizer se fomos ou não prejudicados.