Título: Em Pinda, um dia para reencontrar Geraldinho
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2006, Nacional, p. A5

Tucano revê cidade natal em jornada registrada para o horário eleitoral

No discurso político, ele diz que só quer falar de futuro; mas na sexta-feira Geraldo Alckmin fez uma viagem ao passado, ao visitar sua cidade natal, Pindamonhangaba, a 140 quilômetros de São Paulo, para rever parentes e amigos, num encontro que será mostrado futuramente no programa eleitoral gratuito do PSDB. Ele reviu professoras, amigos, vereadores da Câmara Municipal, que presidiu aos 20 anos, em 1973, e os colegas de pelada na Estação Experimental de Produção Animal em que morou até os 16 anos.

Ninguém escondeu a emoção de reencontrar um conterrâneo que está disputando o mais alto cargo da República; mas todos se sentiam intimidados em revê-lo diante de câmeras de televisão que registravam as palavras e até as lágrimas furtivas da emoção. Para todos, porém, nem mesmo quando foi governador de São Paulo ele deixou de ser o Geraldo ou, para os mais próximos, Geraldinho.

Na noite de quinta-feira Alckmin foi a um jantar com as irmãs, mas só permitiu que a equipe de produção entrasse. No dia seguinte, começou o roteiro visitando o Externato São José, onde estudou da 1ª à 4ª série do ensino fundamental. Lá reencontrou irmã Cecília, sua professora de música, e Therezinha, diretora do ginásio. Participou de uma dinâmica de grupo com alunos atuais e ganhou presentes das professoras do colégio.

Folheou o livro de matrículas, examinou nome a nome, fazendo comentários sobre os antigos colegas. Perguntou por Toninho. "Toninho morreu", respondeu a professora Therezinha. Procurou a própria foto, sem encontrá-la. "Sua foto foi retirada do livro para a gente fazer um quadro", explicou irmã Cecília. Perguntada sobre o ex-aluno, a freira não se conteve: "Alunos são como filhos. Que mãe não ficaria orgulhosa de um filho como este?"

Na Câmara, hoje ocupando a antiga sede do colégio, conversou animadamente com os vereadores atuais. E fez questão de apontar para sua foto, na galeria dos que presidiram a instituição. Depois, quando foi prefeito, nomeou secretários dois aliados de seu rival. "Ele não tem preconceito com adversário", explicou Henrique, ex-colega, assessor na prefeitura, recrutado nas hostes do competidor de Alckmin naquela eleição.

A última parada foi a mais cativante: Alckmin visitou "o haras", hoje um parque municipal de Pinda, como eles chamam a cidade. Lá, em frente à casa onde viveu até os 16 anos, reviu a grande figueira, cujas enormes raízes serviam para delimitar a brincadeira infantil preferida - a fazendinha. Sobre a grama natural, os meninos simulavam, com sabugos de milho, vacas que pastavam.

Dalva, a atual moradora da casa, pediu-lhe autógrafo. O pré-candidato se lembrou muito do pai, veterinário responsável pelo setor de piscicultura da estação e disse, orgulhoso, que o velho Geraldo introduziu o dourado no Rio Paraíba. Com Marino, Floriano e Zé Antônio, Alckmin relembrou as peladas em que o primeiro pontificava. Mas hoje Marino não joga mais: tem o joelho travado por uma operação malsucedida.