Título: Para europeus, concessões já chegaram ao limite
Autor: Denise Chrispim Marin, Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/05/2006, Economia & Negócios, p. B7

França, Espanha e Alemanha concordaram ontem que a União Européia (UE) chegou ao máximo de suas concessões no capítulo agrícola da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) e que caberá agora ao Brasil e aos Estados Unidos os próximos gestos.

A exposição surgiu de uma pequena assembléia entre o presidente francês, Jacques Chirac, o primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, no hall do luxuoso Imperial Hotel, uma hora depois da chegada de outro hóspede, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Eu considero que a Europa foi ao topo das concessões", afirmou Chirac, ao ser indagado por jornalistas brasileiros. "Agora, nós esperamos que os americanos e os países em desenvolvimento façam qualquer coisa."

Chirac, Zapatero e Merkel conversaram sobre as negociações da OMC enquanto aguardavam a partida para o jantar oferecido pelo governo da Áustria, país anfitrião da 4ª Reunião de Cúpula União Européia-América Latina.

Um assessor de Chirac relatou à imprensa brasileira que o Brasil foi mencionado nominalmente como um dos parceiros em desenvolvimento que ainda deveriam apresentar ofertas mais ambiciosas. A UE insiste no aprofundamento da oferta brasileira sobre a abertura dos setores industrial e de serviços.Sobre os EUA, a pressão européia concentra-se na redução dos subsídios oficiais concedidos aos seus agropecuaristas.

Do outro lado, os EUA e o Brasil, como líder do G-20 (grupo de países em desenvolvimento), consideram a proposta européia sobre acesso a mercado agrícola insuficiente. Sem esse movimento europeu, Washington diz não ter como justificar um corte maior nos subsídios domésticos.